Além da Letra

"Cada enunciado é um elo de uma cadeia muito complexa de outros enunciados" Mickail Bakhtin

sexta-feira, março 16, 2007

(...) a força verdadeira do sistema não reside na violência da classe dominante ou no poder coercitivo do seu aparelho de Estado, mas na aceitação por parte dos dominados de uma concepção de mundo que pertence a seus dominadores. (José Luis Fiori)

Todas as formas de Estado, desde a independência até o presente, denotam a continuidade e reiteração das soluções autoritárias (...) organizando o Estado segundo os interesses oligárquicos, burgueses, imperialistas. (Octávio Ianni).

Ao pensar a educação na perspectiva da luta emancipatória, não poderia senão restabelecer os vínculos _ tão esquecidos _ entre educação e trabalho, como afirmando: digam-me onde está o trabalho em um tipo de sociedade e eu te direi onde está a educação. (Emir Sader)

A educação institucionalizada, especialmente nos últimos 150 anos, serviu – no seu todo – ao propósito de não só fornecer conhecimentos e o pessoal necessário à máquina produtiva em expansão do sistema do capital, como também gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes, como se não pudesse haver nenhuma alternativa a gestão da sociedade(...). (Istivan Mészaros)

Será que a aprendizagem conduz à auto-realização dos indivíduos como “indivíduos socialmente ricos” humanamente, ou está a serviço da perpetuação, consciente ou não, da ordem social alienante e definitivamente incontrolável do capital? (Istivan Mészaros)








(...) não há nenhuma atividade humana da qual possa se excluir qualquer intervenção intelectual _ o homo faber não pode ser separado do homo sapiens. Além disso, fora do trabalho, todo homem desenvolve alguma atividade intelectual; ele é, em outras palavras, um “filósofo”, um artista, um homem com sensibilidade; ele partilha uma concepção do mundo, tem uma linha consciente de conduto moral, e portanto contribui para manter ou mudar a concepção do mundo, isto é, para estimular novas formas de pensamento. (Antônio Gramsci)

Poucos negariam hoje que os processos educacionais e os processos sociais mais abrangentes de reprodução estão intimamente ligados. Conseqüentemente, uma reformulação significativa da educação é inconcebível sem a correspondente transformação do quadro social no qual as práticas educacionais da sociedade devem cumprir as suas vitais e historicamente importantes funções de mudança. (Istivan Mészaros)

O que representava a alfabetização para os jesuítas a ponto de quererem, desde o início, alfabetizar os índios, quando nem em Portugal o povo era alfabetizado? Mais do que o resultado desta intenção, interessante é observar a mentalidade. As letras deviam significar adesão plena à cultura portuguesa. Quem fez as letras nesta sociedade? A quem pertencem? Pertencem à corte, como eixo social. (José Maria de Paiva)

Bibliografia:
CARNOY, Martin. Estado e Teoria Política. São Paulo, Ed. Papirus, 1986.

IANNI, Octávio. Pensamento Social no Brasil. São Paulo: EDUSC, 1998.

PAIVA, José Maria de. A Educação Jesuítica no Brasil Colonial. In: 500 Anos de Educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. 3º Edição.