Além da Letra

"Cada enunciado é um elo de uma cadeia muito complexa de outros enunciados" Mickail Bakhtin

domingo, setembro 26, 2010

Amizade

A amizadeé a mais bela flor colhida no jardim da vida.

sexta-feira, agosto 06, 2010

Sou eu

Há pouco tempo eu era simples para mim. Estranho dizer isso.
Passou alguns anos e aprendi que posso tudo e mais um pouco.
É só persistir.
Ainda estou ajustando, mas não quero ser o que os outros desejam e sim o que SOU.
SER completo, SER eu, SER natural, SER e ser.
De volta ao Blogger.
Inspirada a compartilhar, com assiduidade, com todos os que aqui estiverem.

Abraços

Cristina Ávila

domingo, julho 19, 2009

EDUCAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO ESCOLAR

[...] de como, quando mais se falou em democracia no interior da escola, menos democrática foi a escola; e de como, quando se menos falou em democracia, mais a escola esteve articulada com a construção de uma ordem democrática". (SAVIANI, 2000, p. 36) .

Pode parecer utopia o desejo de todos em “democratizar a escola”, mas é pertinente esta colocação.
Princípios políticos ideológico, por vezes, deformam a intenção deste ideal, ou seja, o governo sempre quis uma sociedade alienante para incutir seus ideais. Necessário se faz que a sociedade abra as portas de seus direitos e participem ativamente do processo de qualidade da educação numa democratização participativa.
A direção da discussão hoje é que a escola se democratize, e para isso, é essencial que a sociedade também participe do processo, se integrando das decisões políticas, sociais e econômicas. A democratização da escola acontecerá quando a democratização da sociedade for viável. É uma relação de mão dupla.
A democratização não se limita aos corredores da instituição escolar. Todos os envolvidos: professores, alunos, equipe pedagógica e comunidade são peças fundamentais para que isso possa ocorrer.
A historia do povo deve perpassar pela escola. A cultura não deve ser imposta pela escola, antes de tudo, ela é a soma de muitos saberes e conhecimentos. A escola é um espaço para trocas.
O importante para democratizar a escola, é que seja ela realizada através do desejo da sociedade, ou seja, a escola deve refletir os anseios da população, mas não amanhã e sim imediatamente.
Para isso, surgem três aspectos da democratização que defendem o seguinte:
 Democratizar a escola é democratizar os processos administrativos: eleições para dirigentes escolares, com participação de professores, alunos e comunidade. Não mais o governo ou o MEC, como no caso da Universidade indicarem um dirigente. Deve-se afastar o aspecto político que envolve esta relação. O governo quer sempre implementar seu interesse.
 Democratizar a oferta da escola: o estado garantir vaga para todos em uma escola gratuita e pública. A escola particular, neste contexto, é contrária a democratização, pois seu interesse é a educação como uma mercadoria, pois ela visa o lucro.
 Democratização dos aspectos pedagógicos: não centralizar, na mão de uma única pessoa, a decisão do que é melhor para a sociedade escolar. O melhor é a democratização participativa.
Entendendo estes três aspectos, fica claro que a participação ativa de todos, através de atos e decisões, favorecerá a democratização.
Os pressupostos teóricos dessa discussão apontam que a escola hoje é o reflexo dos processos centralizados e autoritários da sociedade brasileira. A sociedade é subordinada ao interesse dos que estão no poder (a burguesia).
Dirigente Escolar = Poder Executivo do Estado
O autoritarismo na escola não está apenas no dirigente, está ligado no professor, orientador etc. A maioria não permite que a sociedade participe das decisões escolares.
Deve-se levar em conta a necessidade da comunidade. Alguns professores solicitam aumento da carga horária para realizarem seu trabalho, sem saberem se isso é do interesse da sociedade. Outras vezes ignoram o desejo da comunidade em querer essa ou aquela disciplina, pois é a necessidade dela. Vezes outras, colocam-se determinadas atividades para enfeitar o “pavão”, deixando de lado a opinião de seus maiores espectadores: alunos e comunidade.
O autoritarismo da elite é que vigora: é a hegemonia.
Outro aspecto a observar é a deformação da escola pública, quando os próprios professores torcem pelo fim da atividade pedagógica. Sabe o que ocorre? A elite defende a escola particular para os seus e a escola pública, com baixa qualidade de âmbito pedagógico, para os pobres.
Essas teorias acabam colocando a realização da democracia da escola para amanhã. Ela não será conquistada se tivermos apenas os três aspectos de democratização (Democratizar a escola é democratizar os processos administrativos; Democratização dos aspectos pedagógicos; Democratização dos aspectos pedagógicos ). Mas a visão da democratização deve ser ampliada.
Destaca-se o autoritarismo, como o recurso que o Estado tem, para monopolizar. Surge à divisão dos que sabem e dos que não sabem, estes últimos recebendo embrulhados os pacotes educacionais.
A escola, para a sociedade, passa a ser definida da forma que mais convém aos “donos do saber”, que implementam sua hegemonia.
Por receberem pacotes burocráticos prontos, estabelecidos pelos que ficam em “cima”, os professores “alienados” não se atentam que é no trabalho pedagógico, no interior da escola, que podem usá-lo como instrumento da construção de uma educação melhor.
Segundo Rodrigues (2003), em seu texto Educação e Democratização Escolar, para que a escola seja democrática é primordial que seja respeitado o desejo da sociedade: esta sabe que tipo de educação é melhor. A sociedade deve recuperar a dimensão política da educação, não deixar nas mãos de “terceiros” o futuro dos cidadãos.
A questão educacional, em discussão no âmbito da escola, permite a sociedade recuperar a dimensão do processo social, onde passa ela a fazer escolhas, defender seu ponto de vista sobre o que julga fundamental.
O ideal é promover uma ampla discussão na sociedade, onde serão discutidos os aspectos primordiais, escolhidos por todos na educação. Será um novo comportamento social que definirá as novas práticas educativas.
Para tanto, Rodrigues (2003) aponta, entre outras coisas, que o papel dos intelectuais e das lideranças deve ser de intérpretes das “carências” que a sociedade necessita, para recuperar a dignidade da educação.
O pedagogo, os técnicos da educação e os dirigentes não deverão acatar a determinação do Estado, e sim serem parceiros da sociedade, na medida em que mediarem os dignos anseios dos telespectadores da escola.
Outro autor que discute a situação da educação é Dermeval Saviani em seu livro "Escola e Democracia” (1991). Seu livro é uma tentativa de esclarecimento da situação da Educação e sua relação com os diferentes aspectos da sociedade, da história e dos momentos políticos.
A educação é considerada como um instrumento da classe dominante capaz de reproduzir o sistema "dominante-dominado", sendo responsável pela marginalização, uma vez que percebe a dependência da educação em relação à sociedade, tendo em sua estruturação a reprodução da sociedade na qual ela se insere.
Entendemos, assim, que a democracia encontra dificuldades para atingir a educação. [...] de como, quando mais se falou em democracia no interior da escola, menos democrática foi a escola; e de como, quando se menos falou em democracia, mais a escola esteve articulada com a construção de uma ordem democrática". (SAVIANI, 2000, p. 36)
A educação que deveria ser o instrumento para as escolhas do homem livre, democrático, cidadão e autônomo acaba, então se tornando mais uma ferramenta de manipulação e de homogeneização do pensamento crítico da sociedade. Ela legitima as diferenças sociais e marginaliza, ao invés de tencionar a luta contra a ideologia das classes dominantes, e dos direitos dos seres humanos: o conhecimento, que deve ser universal e possibilitado a todos.
O autor faz alusão a teoria da curvatura da vara de Lênin pois assim como para se endireitar uma vara que se encontra torta não basta colocá-la na posição correta mas é necessário curvá-la no lado oposto, assim, também, no embate ideológico não basta enunciar a concepção correta para que os desvios sejam corrigidos; é necessário abalar as certezas, desautorizar o senso comum. E para isso nada melhor do que demonstrar a falsidade daquilo que é tido como obviamente verdadeiro demonstrando ao mesmo tempo a verdade daquilo que é tido como obviamente falso.
Saviani (1991) afirma:

Creio ter conseguido fazer curvar a vara para o outro lado. A minha expectativa é justamente que com essa inflexão a vara atinja o seu ponto correto, vejam bem, ponto correto esse que não está na pedagogia tradicional, mas está justamente na valorização dos conteúdos que apontam para uma pedagogia revolucionária.” Então a teoria de curvatura da vara pode ser a forma da Educação criar sua revolução para a quebra desse sistema, uma vez que se quebra a neutralidade da Educação, passando a ser considerada parte ativa neste processo de transformação.
Percebemos que a relação entre e educação e a sociedade, bem como a responsabilidade dos professores em transformar, não o mundo, mas sim cada indivíduo que assiste a sua aula compreendendo melhor o mundo e seus acontecimentos, assim como seu papel dentro do sistema, seus deveres e seus direitos permitirá a construção de um país melhor.
As pequenas revoluções que acontecem na sala de aula (aquilo que podemos nos aventurar a chamar de ruptura ou quebra de paradigmas) podem dar a chance de uma transformação histórica num período maior de tempo.
É preciso então que se tome consciência das lutas sociais e das formas de dominação ideológicas que sofre a educação hoje, regulando o equilíbrio dos conteúdos a serem desenvolvidos nas salas de aula e o discurso político e histórico usado pelo professor.
Uma das preocupações primordiais da escola deveria ser a formação cidadã. Cidadania é intitulada por Gadotti como a consciência de direitos e deveres da democracia e defende uma escola cidadã como a realização de uma escola pública e popular, cada vez mais comprometida com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Para isso, a escola deve propiciar um ensino de qualidade, buscando a formação de cidadãos livres, conscientes, democráticos e participativos.
A participação é um dos cinco princípios da democracia. Segundo o sociólogo Herbert de Souza sem ela, não é possível transformar em realidade, em parte da história humana, nenhum dos outros princípios: igualdade, liberdade, diversidade e solidariedade. Nesse sentido, a participação não pode ser uma possibilidade aberta apenas a alguns privilegiados. Ela deve ser uma oportunidade efetiva, acessível a todas as pessoas. Além disto, é preciso que ela assuma formas diversas de participação na vida da família, da rua, do bairro, da cidade, na escola e no próprio país. Participação é, ainda, um direito estendido a todos sem critérios de gênero, idade, cor, credo ou condição social.
Possível é ensinar e buscar formas de participação social que ajudem na construção de uma cidadania, constituídas de pessoas ativas, conscientes de seus deveres e comprometidas com a conquista dos direitos humanos. A prática participativa permite questionar os valores e os interesses que sustentam a sociedade.
Entendemos que só se aprende a participar, participando.Ensina-se a participar abrindo espaços para que as pessoas participem. Uma prática social participativa ensina a cidadania e amplia os limites da qualidade de vida.
Para se educar para vida é necessário promover espaços participativos. Somente assim será possível o respeito e a valorização das diferenças presentes em nosso território brasileiro. Se isso não acontecer, alguém será excluído, e esse alguém com certeza será o mais fraco. Isso é são um desafio e um compromisso da escola para a formação de uma sociedade democrática, justa, igualitária e solidária.

Educação de Jovens e Adultos

Uma alfabetizanda

Há muitos anos, quiseram me ensinar a escrever o nome, em meu primeiro emprego de faxineira, e foi só o que aprendi. Passei minha vida inteira sem saber ler nem escrever, e precisei ser esperta.
Sou inteligente, tem muita coisa que eu sei. Por exemplo, sei quando é hora de pedir aumento e sei quando a patroa tem razão se manda eu limpar alguma coisa de novo, pois não limpei bem da primeira vez. Quando é época de eleição, eu sei qual é meu candidato. Levanto muito cedo, compro pão e leite e pago a conta porque conheço cada nota e cada moeda pela cor e pelo tamanho. Moro longe do serviço, e pego sempre o ônibus certo, que conheço pelo horário, pela cor, pelo motorista ou aprendi a pedir para alguém me indicar. Quando vou fazer uma limpeza, sei qual é o vidro do álcool, qual é o do desinfetante, como ligar a máquina de lavar para roupa pesada e roupa leve.
Só que hoje começa uma nova fase na minha vida: vou começar a aprender a ler e a escrever. Sei que vou conseguir, pois para chegar até onde cheguei sem saber isso, precisei enfrentar meus medos, aprendi a ser gente.
Quero muito aprender a ler, porque vou poder fazer muitas coisas novas e vou fazer as coisas que já faço de um jeito mais fácil. Vou poder ir ao cinema ver filme estrangeiro, vou poder ler livros, jornais e revistas, vou poder escrever cartas para minha mãe, vou poder anotar recado quando alguém telefonar na casa da família onde trabalho, vou fazer curso de culinária, ler e escrever receitas e virar cozinheira, ganhando mais dinheiro. Tantas possibilidades, tantos sonhos que finalmente podem se tornar realidade! Estou emocionada...
Mas agora é hora de estudar. O caminho é longo e eu preciso dar um passo por dia. Vou agarrar essa chance com unhas e dentes!

Uma alfabetizanda.

Desafios do Orientador Educacional

Um dos desafios do OE é ...

saber conviver com todo o tipo de consciência.

Orientação Educacional

Orientação Educacional

A Orientação Educacional, hoje, nas escolas exige que o Orientador Educacional tenha sensibilidade, capacidade de dosar e fazer a diferença na vida da pessoa. Além disso, deve ter percepção para capturar aquele ser latente, para que ele possa florescer adequando-se com o mundo veloz de hoje.

Equipe do 6º Período do Curso de Pedagogia da Estácio de Sá
Cristina Ávila , Joselena Coutinho, Michelle Afonso, Lucilene
Alcantara e Cristina Maria

quinta-feira, junho 28, 2007

A carta que não foi mandada

Paris, outono de 73
Estou no nosso bar mais uma vez
E escrevo pra dizer
Que é a mesma taça e a mesma luz
Brilhando no champanhe em vários tons azuis
No espelho em frente eu sou mais um freguês
Um homem que já foi feliz, talvez
E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dor
Saudades, certamente, de algum grande amor
Mas ao vê-lo assim tão triste e só
Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais
E, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
E olha para trás
É, existe sempre uma mulher
Pra se ficar pensando
Nem sei...
nem lembro mais

Vinicius
A anunciação

Virgem! filha minha
De onde vens assim
Tão suja de terra
Cheirando a jasmim
A saia com mancha
De flor carmesim
E os brincos da orelha
Fazendo tlintlin?
Minha mãe querida
Venho do jardim
Onde a olhar o céu
Fui, adormeci.
Quando despertei
Cheirava a jasmim
Que um anjo esfolhava
Por cima de mim...

Vinicius de Moraes
A ausente
Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos.
Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios Vem.
Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba.
Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...


Vinicius de Moraes
UM MINUTO APENAS

(texto do Momento Espírita do site: momento.com.br)

Lúcia era uma mulher feliz. Como poucas, acreditava.
Casada com o homem por quem se apaixonara nos verdes anos da adolescência, vivia o sonho da mulher realizada. Um filho lhe viera coroar a felicidade.
Que mais ela poderia desejar?
Acordava pela manhã e saudava o dia cantarolando. Com alegria realizava as tarefas do lar, cuidava do filho, aguardava o marido.
Tudo ía muito bem. Até o dia em que descobriu que o homem que tanto amava, a traía. E não era de agora. O problema vinha tomando corpo de algum tempo.
Magoada, se dirigiu ao marido. Exigiu-lhe e falou-lhe de respeito.
A resposta foi brutal, violenta. O homem encantador tornou-se raivoso, briguento. Chegou a bater-lhe.
Foi nesse dia que Lúcia teve a certeza de que seu casamento acabara. Era o cúmulo.
Não poderia prosseguir a viver com alguém que chegara à agressão física.
Então, acordou na manhã de tristeza, depois de uma noite de angústia e tomou uma séria decisão.
Iria se matar. Acabar com a própria vida. Mais do que isto. Ela desejava vingança.
Por isto, tomou o filho de 4 anos pela mão e decidiu que o mataria. Queria que o marido ficasse com drama de consciência.
Seu destino era o Farol da Barra, na cidade de Salvador, na Bahia, onde residia. Ela sabia que era um local onde o mar batia com violência no penhasco.
A rua por onde transitava era movimentada. Muitos carros. Enquanto aguardava para atravessar a rua, a criança lhe escapou das mãos e correu, entre os carros. Ela se desesperou.
Estranho paradoxo. Conduzia a criança pela mão e tencionava jogá-la do penhasco ao mar para que morresse.
Mas, quando a vê correr perigo, esquecida de si mesma, vai-lhe ao encontro, agarra-o, até um pouco raivosa. Puxa-­o pela mão.
Neste momento, a criança se abaixa, alheia a tudo que se passava, e recolhe do chão um papel.
Lúcia o arranca das mãos do pequeno e um título, em letras grandes, lhe chama a atenção: Um minuto apenas.
Ela lê: "Num minuto apenas, a tormenta acalma, a dor passa, o ausente chega. O dinheiro muda de mão, o amor parte, a vida muda."
Vai andando, puxando a criança e lendo a página. Era uma página mediúnica que vinha assinada por um Espírito.
Ela terminou de ler. Passou o ímpeto. Em um minuto. Parou, olhou ao redor e verificou que tinha chegado ao seu destino. O penhasco estava próximo. Sentou-se e teve uma crise de choro.
O impulso de se matar havia desaparecido. Tornou a ler a mensagem. Ela se recordou de um senhor que era espírita e trabalhava no Banco, no mesmo onde seu marido trabalhava.
Foi para casa. Lembrou que um dia, jantando em casa dele, ele falara algo sobre Espiritismo. Algo que ela e o marido, por terem outra formação religiosa, rechaçaram de imediato.
Ela lhe telefonou, pediu-lhe orientação e ele a encaminhou a um Centro Espírita.
Atendida por companheiro dedicado, que lhe ouviu os gritos da alma aflita, passou a buscar na oração sincera, na leitura nobre, no passe reconfortante, as necessárias forças para superar a crise.
O marido, notando-lhe a mudança, a calma, no transcorrer dos dias, a seguiu em uma das suas saídas do lar. Desconfiado, adentrou ele também à Casa Espírita. Para descobrir uma fonte de consolo e esclarecimento.
Hoje, ambos trabalham na Seara Espírita. Reconstituíram sua vida, refizeram-se. Os anos rolaram. O garoto é um adolescente e mais dois filhos se somaram a ele.
Mudança de rumo. A vida muda. Em um minuto apenas. Em um minuto apenas Deus providencia o socorro.
Pode ser um coração atento, uma mão amiga ou um pedaço de papel impresso caído na calçada. Papel que o vento não levou para longe.
Um minuto apenas e o amor volta. A esperança renasce. Um minuto apenas e o sol rompe as nuvens, clareando tudo.
Não se desespere. Espere. Um minuto apenas. O socorro chega. O panorama se modifica. A vida refloresce.
Tenha paciência. Não se entregue à desesperança. Aguarde. Enquanto você sofre, Deus providencia o auxílio.
Aguarde. Um minuto apenas. Sessenta segundos. Uma vida.
Um minuto a mais...

“Em um minuto apenas, a Misericórdia Divina se derrama, cheia de bênçãos, nas vielas escuras dos passos humanos. Corrige, saneia, repara, transformando-as em estradas luminosas no rumo da vida maior."
Texto da Redação do Momento Espírita, com base no cap. 24 do livro O semeador de estrelas, de Suely Caldas Schubert, ed. Leal
Sempre que o mundo desabava sobre minha cabeça, eu ia andar pela praia, próxima de onde morava. Um dia encontrei uma bela garotinha de olhos tão azuis quanto o mar, construindo um castelo de areia ou algo parecido. Oi, disse ela. Eu respondi com um aceno de cabeça, não estava com humor para me aborrecer com uma criança. Você quer me ajudar a construir meu castelo? Hoje não. Falei pouco atencioso. Eu gosto de sentir a areia em meus dedos do pé, ela falou sorridente. Que boa idéia, pensei, e tirei meus sapatos. Um siri deslizou próximo. Isto é um "alegria", falou a criança. É um o quê?, perguntei. Isto é um "alegria", livre pela praia. Adeus "alegria", olá dor, murmurei comigo mesmo e continuei a caminhar. Eu estava deprimido, mas a menina não desistia e perguntou: qual é o seu nome? Eu sou Robert Peterson, respondi.. O meu é Wendy... Eu tenho seis anos. Oi, Wendy. Apesar de minha melancolia fui obrigado a rir e continuei caminhando. Sua risadinha musical me seguiu. Venha novamente, Sr. P., disse ela, animada. Nós teremos outro dia feliz. Meus dias foram atribulados e somente semanas depois é que voltei à praia. A brisa era fria, mas eu andava a passos largos, tentando readquirir serenidade. Tinha até me esquecido da criança, quando ela apareceu. Oi, Sr. P., você quer brincar? Não sei, que tal charadas? Perguntei sarcasticamente. Eu não sei o que é isto, falou a menina. Então me deixe continuar a caminhada. Onde você mora? Perguntei-lhe. Ali. Ela respondeu apontando na direção de uma fila de cabanas de verão. Como você vai para a escola? Eu não vou à escola. A mamãe disse que nós estamos de férias. Ela tagarelou e quando eu ia voltar para casa, Wendy disse que tinha sido outro dia feliz. E havia sido mesmo.
SABEDORIA

(texto do Momento Espírita impresso do site: momento.com.br)

Conta-se que num país longínquo, há muitos séculos, um rei se sentiu intrigado com algumas questões. Desejando ter respostas para elas, resolveu estabelecer um concurso do qual todas as pessoas do reino poderiam participar.
O prêmio seria uma enorme quantia em ouro, pedras preciosas, além de títulos de nobreza.
Seria premiado com tudo isto quem conseguisse responder a três questões: qual é o lugar mais importante do mundo? Qual é a tarefa mais importante do mundo? Quem é o homem mais importante do mundo?
Sábios e ignorantes, ricos e pobres, crianças, jovens e adultos se apresentaram, tentando responder as três perguntas.
Para desconsolo do rei, nenhum deles deu uma resposta que o satisfizesse.
Em todo o território um único homem não se apresentou para tentar responder os questionamentos. Era alguém considerado sábio, mas a quem não importavam as fortunas nem as honrarias da terra.
O rei convocou esse homem para vir à sua presença e tentar responder suas indagações. E o velho sábio respondeu a todas:
- O lugar mais importante do mundo é aquele onde você está. O lugar onde você mora, vive, cresce, trabalha e atua é o mais importante do mundo. É ali que você deve ser útil, prestativo e amigo, porque este é o seu lugar.
- A tarefa mais importante do mundo não é aquela que você desejaria executar, mas aquela que você deve fazer.
- Por isso, pode ser que o seu trabalho não seja o mais agradável e bem remunerado do mundo, mas é aquele que lhe permite o próprio sustento e da sua família. É aquele que lhe permite desenvolver as potencialidades que existem dentro de você. É aquele que lhe permite exercitar a paciência, a compreensão, a fraternidade.
- Se você não tem o que ama, importante que ame o que tem. A mínima tarefa é importante. Se você falhar, se se omitir, ninguém a executará em seu lugar, exatamente da forma e da maneira que você o faria.
E, finalmente, o homem mais importante do mundo é aquele que precisa de você, porque é ele que lhe possibilita a mais bela das virtudes: a caridade.
- A caridade é uma escada de luz. E o auxílio fraternal é oportunidade iluminativa. É a mais alta conquista que o homem poderá desejar.
O rei, ouvindo as respostas tão ponderadas e bem fundamentadas, aplaudiu, agradecido.
Para sua própria felicidade, descobrira um sentido para a sua vida, uma razão de ser para os seus últimos anos sobre a Terra.
***
Muitas vezes pensamos em como seria bom se tivéssemos nascido em um país com menos inflação, com menos miséria, sem taxas tão altas de desemprego, gozando de melhores oportunidades.
Outras vezes nos queixamos do trabalho que executamos todos os dias, das tarefas que temos, por acha-las muito ínfimas, sem importância.
Desejamos que determinadas pessoas, importantes, de evidência social ou financeira pudessem estar ao nosso lado para nos abrir caminhos.
Contudo, tenhamos certeza: estamos no lugar certo, na época correta, com as melhores oportunidades, com as pessoas que necessitamos a nossa evolução.
Pense nisso. Mas, pense agora.

Equipe de Redação do Momento Espírita, baseado em texto intitulado Sabedoria, inserido no Mensário Espírita O Sol Nascente, de setembro2001, nº 390, ano XXXII e sem menção a autor.
A Santa Ceia (Leonardo da Vinci)

Diz uma lenda referente à pintura da Santa Ceia, ou "Última Ceia de Jesus com seus Apóstolos":
Ao conceber este quadro, Leonardo da Vinci deparou-se com uma grande dificuldade:
precisava pintar o bem - na imagem de Jesus, e o mal - na figura de Judas, o amigo que resolvera trai-lo durante o jantar.Interrompeu o trabalho no meio, até que conseguisse encontrar os modelos ideais.
Certo dia, enquanto assistia a um coral, viu em um dos rapazes a imagem perfeita de Cristo.Convidou-o para o seu ateliê, e reproduziu seus traços em estudos e esboços.
Passaram-se três anos.
A 'Última Ceia' estava quase pronta, mas Da Vinci ainda não havia encontrado o modelo ideal de Judas.
O cardeal, responsável pela igreja, começou a pressioná-lo, exigindo que terminasse logo o mural.
Depois de muitos dias procurando, o pintor finalmente encontrou um jovem prematuramente envelhecido, bêbado, esfarrapado, atirado na sarjeta. Imediatamente, pediu aos seus assistentes que o levassem até a igreja.
Da Vinci copiava as linhas da impiedade, do pecado, do egoísmo, tão bem delineadas na face do mendigo, que mal conseguia parar em pé.Quando terminou, o jovem - já um pouco refeito da bebedeira – abriu os olhos e notou a pintura à sua frente. E disse, numa mistura de espanto e tristeza:
- Eu já vi esse quadro antes!- Quando? Perguntou, surpreso, Da VinciHá três anos atrás, antes de eu perder tudo o que tinha, numa época em que eu cantava num coro, tinha uma vida cheia de sonhos e o artista me convidou para posar como modelo para a face de Jesus.
“ O Bem e o Mal têm a mesma face;tudo depende apenas da época em que cruzam o caminho de cada ser humano."
Autor desconhecido

terça-feira, abril 17, 2007



DESIGUALDADE DE ACESSO À EDUCAÇÃO E DISPARIDADES SOCIOCULTURAIS


Apesar de eliminadas diversas barreiras ao acesso à educação (discriminações legais, econômicas, institucionais, etc.), para permitir que todas as classes sociais alcançassem os níveis secundários e superiores, ainda se viam pouca penetração, por parte das classes mais pobres, nestes níveis educacionais. Isto parece ter sido motivado, principalmente, pelas diferenças culturais existentes.
As classes mais baixas tendiam a valorizar menos o estudo superior por achar nele uma busca demorada por resultados incertos. Era mais rápido e seguro alcançar as profissões mais simples, mesmo com ganhos menores, pois atendiam a seus anseios.
Outro fator a ser considerado era a questão do tempo. Enquanto as classes média e alta visualizavam seus objetivos no longo prazo, procurando resultados que poderiam demorar, mas que seriam melhores (além de considerarem uma regressão social o fato de não ter curso superior), as classes mais baixas estabeleciam seus ideais no curto prazo.
A influência familiar também foi considerada como determinante no estímulo ao estudo. Os filhos de operários viam, no estudo básico, uma obrigação em que os pais os castigavam para que tirassem boas notas. Os filhos da burguesia tinham, por parte dos pais, o convite à razão e à necessidade de autodomínio sendo estimulados a se dedicarem ao máximo.
A influência da linguagem aparecia mais como o efeito, do que a causa das diferenças sociais. Os filhos de operários utilizavam uma linguagem mais simples, inclusive com utilização de gestos voltada para a individualidade e para elementos concretos. Os filhos das classes média e alta usavam linguagem mais elaborada, envolvendo aspectos mais universalistas, demonstrando maior conhecimento das estruturas mais complexas do conhecimento.
Como conseqüência da realidade econômico-social em que cada classe vivia, as famílias mais pobres tinham, nos filhos, a preparação para funções mais definidas e voltadas para a contribuição ao próprio meio familiar. As famílias da classe burguesa tinham ênfase maior no estímulo a tomada de decisões com orientação pessoal do seu ajustamento social.
Através da interiorização dos valores de cada classe, via-se a tendência, através do tipo de linguagem e de seu conteúdo, a levar os estudantes pobres à acomodação ao que é básico, enquanto o mais favorecido a verem no estudo, desde as etapas mais básicas, possibilidades de alcançar horizontes mais vastos.
Todos esses conceitos, porém, foram criticados por desprezar o fato de que a linguagem do pobre não era, necessariamente, uma linguagem pobre. Tinha, sim, diferença na ênfase dada a seus valores mais importantes. Esta crítica sugeria uma pedagogia adaptada à realidade em que essas classes viviam.
É fato que uma linguagem mais popular (menos elaborada), comum nas classes mais pobres, sendo apenas usada como acompanhamento emocional da ação, carecesse de recursos indispensáveis à formação do pensamento. Baseado nesse e nos argumentos já citados, propôs-se uma intervenção na educação de modo a aumentar a capacidade de adquirir conhecimentos através de estratégias compensatórias.
Foram criados estímulos educativos que compensassem a carência cultural do meio familiar e social destes alunos. Porém isto não deu certo. As explicações sobre as causas do problema haviam sido colocadas como contraditórias. O melhor seria torná-las um conjunto de avaliações que, embora fossem diversos, no geral poderia contribuir, cada uma, para um bom resultado.
Contudo a causa maior do erro estava na própria escola. Os alunos das classes menos favorecidas estavam recebendo o ensino de uma cultura totalmente diferente da sua. Esses recebiam informações que, para eles, eram irreais ou, até mesmo, contraditória a sua própria cultura.
O uso de expressões desconhecidas ou de termos específicos a um meio em que os alunos não pertenciam também contribuiu para o fracasso da iniciativa.
A questão genética também foi colocada. Segundo alguns estudiosos, o filho da classe burguesa herdaria de seus pais uma formação genética que favorecia o intelecto. Contudo o que se pode confirmar é que, ao contrário desse raciocínio, pessoas bem dotadas, vindas da classe operária conseguiam penetrar nos meios mais ricos através de seus êxitos nos estudos, passando assim, não só a contribuir com essas classes, como a fazer parte das mesmas.
Será que a aprendizagem conduz à auto-realização dos indivíduos como “indivíduos socialmente ricos” humanamente, ou está a serviço da perpetuação, consciente ou não, da ordem social alienante e definitivamente incontrolável do capital? (Istivan Mészaros)

No período de colonização após o descobrimento do Brasil, a cultura foi imposta pelos descobridores. Os jesuítas, em suas primeiras viagens trouxeram a religião, responsável pela dominação cultural, e montaram a 1ª forma de educação, substituindo a língua dos índios pela sua, fazendo assim, a dominação de uma língua sobre a outra. Este início da estrutura disciplinar da educação,controle e dominação, garantiu a obediência ao sistema.

Atitude cultural de profundas raízes: pelas letras se estabeleceu a organização cultural.

“O que representava a alfabetização para os jesuítas a ponto de quererem, desde o início, alfabetizar os índios, quando nem em Portugal o povo era alfabetizado? Mais do que o resultado desta intenção, interessante é observar a mentalidade. As letras deviam significar adesão plena à cultura portuguesa. Quem fez as letras nesta sociedade? A quem pertencem? Pertencem à corte, como eixo social.” (José Maria de Paiva).

Os colégios jesuítas formavam letrados. Eram filhos das elites que se tornariam padres, advogados ou ocupariam cargos públicos. Estes guiariam as cidades. O colégio era um instrumento refinado de incutir a cultura dos portugueses. Lendo a gramática do colégio, via-se a gramática da cultura.

Durante muitos anos a questão da educação não teve nenhuma evolução significativa.

“Todas as formas de Estado, desde a independência até o presente, denotam a continuidade e reiteração das soluções autoritárias (...) organizando o Estado segundo os interesses oligárquicos, burgueses, imperialistas.” (Octávio Ianni).

Entre os anos de 1920 e 1930 surgiram os Pioneiros da Educação. Desejavam realizar grandes reformas no ensino, com a finalidade de negar os métodos arcaicos e trazer a modernização ao sistema brasileiro.

Em 1930 criou-se o Ministério da Educação e Saúde.

Pela primeira vez a categoria de professores autônomos discutiu e construiu uma proposta pedagógica. Esses grupos intelectuais formaram a ABE – Associação Brasileira de Educação – que dava importância à reformulação do ensino. Fizeram debates, reuniões, conferências e documentos qualificados, exercendo a função de combater o governo autoritário. A ABE serviria para demarcar a autonomia da esfera educacional, transformando o foco do educador para o educando.

Um dos documentos trazidos foi o “Manifesto dos Pioneiros” que tratava de uma nova visão para a educação. Este foi entregue ao governo Vargas que não lhe deu a devida importância, pois ao governo não interessava a emancipação do povo. Isso inibia a iniciativa baseada na Escola Nova, no plano de educação e no social.

Vargas tinha a intenção de modernizar o Brasil e em 1940 preparou o país para o mundo do trabalho. Ainda assim as regalias continuavam voltadas para o governo e para a elite.

Surgiram as leis orgânicas criadas no período do “Estado Novo”, que pretendiam consolidar o “Capitalismo Industrial Brasileiro” e suas relações, organizando a educação, mas sempre atendendo aos interesses do governo:

Lei Orgânica do Ensino Secundário

“Art. 1º. O ensino secundário tem as seguintes finalidades:
1 - Formar, em prosseguimento da obra educativa do ensino primário, a personalidade integral dos adolescentes;
2 - Acentuar a elevar, na formação espiritual dos adolescentes, a consciência patriótica e a consciência humanística;
3 - Dar preparação intelectual geral que possa servir de base a estudos mais elevados de formação especial”.

Esta lei proporcionou a continuidade do estudo na escola. Garantiu que os estudantes do ensino secundário poderiam alcançar o ensino superior.

Lei do Ensino Industrial

“ Art. 1º. Esta Lei estabelece as bases de organização e de regime do ensino industrial. Este é o ramo de ensino de grau secundário, destinado à preparação profissional dos trabalhadores da indústria e das atividades artesanais e, ainda, dos trabalhadores dos transportes, das comunicações e da pesca.”

CAPÍTULO I - DOS CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO ENSINO INDUSTRIAL
Art. 3º. O ensino industrial deverá atender:
1 - aos interesses do trabalhador, realizando a sua preparação profissional e a sua formação humana;
2 - aos interesses das empresas, nutrindo-as, segundo as suas necessidades crescentes e mutáveis, de suficiente e adequada mão-de-obra;
3 - aos interesses da nação, promovendo continuamente a mobilização de eficientes construtores de sua economia e cultura.

Art. 4º. O ensino industrial, no que respeita à preparação profissional do trabalhador, tem as
finalidades especiais seguintes:
1 - formar profissionais aptos ao exercício de ofício e técnicas nas atividades industriais;
2 - dar a trabalhadores jovens e adultos da indústria, não-diplomados ou habilitados, uma qualificação profissional que lhes aumente a eficiência e a produtividade;
3 - aperfeiçoar ou especializar os conhecimentos e capacidades de trabalhadores diplomados ou habilitados;
4 - divulgar conhecimentos de atualidades técnicas”.

Esta lei servia as necessidades do mercado (da nação e da indústria). O trabalhador servia para receber ordens – trabalho técnico – aprimorando-se apenas no que fosse referente a sua especialização. Não tinha base comum curricular, era extremamente técnico. O aluno não podia ingressar em área diferente da qual estava cursando, sem terminar a que estava fazendo, a não ser que ele começasse tudo de novo.
Neste mesmo período foram criados o SENAI e o SENAC favorecendo o capitalismo industrial brasileiro.

“(...) a força verdadeira do sistema não reside na violência da classe dominante ou no poder coercitivo do seu aparelho de Estado, mas na aceitação por parte dos dominados de uma concepção de mundo que pertence a seus dominadores.” (José Luis Fiori).

O dominado aceita a cultura do dominador. Escola é o aparelho ideológico do estado. Até hoje é assim.

“A educação institucionalizada, especialmente nos últimos 150 anos, serviu – no seu todo – ao propósito de, não somente fornecer conhecimento e pessoal necessário à máquina produtiva em expansão do sistema do capital, como também a gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes, como se não pudesse haver nenhuma alternativa a gestão da sociedade (...)”. (Istivan Mészaros).

Os homens não são totalmente manipuláveis. Através de uma integralidade, ou seja, da união entre o ser intelectual, social e moral, eles podem criar alternativas para a mudança. Esta se expressa bem na citação de Antônio Gramsci:
“(...) não há nenhuma atividade humana da qual possa se excluir qualquer intervenção intelectual _ o homo faber não pode ser separado do homo sapiens. Além disso, fora do trabalho, todo homem desenvolve alguma atividade intelectual; ele é, em outras palavras, um filósofo, um artista, um homem com sensibilidade; ele partilha uma concepção do mundo, tem uma linha consciente de conduto moral, e portanto contribui para manter ou mudar a concepção do mundo, isto é, para estimular novas formas de pensamento.”

Foi citado, também, por Istivan Mészaros:
“Poucos negariam hoje que os processos educacionais e os processos sociais mais abrangentes de reprodução estão intimamente ligados. Conseqüentemente, uma reformulação significativa da educação é inconcebível sem a correspondente transformação do quadro social no qual as práticas educacionais da sociedade devem cumprir as suas vitais e historicamente importantes funções de mudança”.

Muitos estudiosos trouxeram contribuições para a mudança no ensino. Como exemplo podemos citar Paulo Freire que com novo método alfabetizou trabalhadores em 40 horas. Por volta de 1964 ele foi exilado. A ditadura militar não queria que ele levasse o conhecimento à população. Contudo ele não desistiu. Exilado, em vários países, escreveu alguns livros, entre eles, Pedagogia do Oprimido. Um de seus lemas era a pedagogia do conhecimento, embasada na antropologia, tirada da visão de mundo (leitura do mundo; leitura da palavra - o interesse precede o conhecimento).

Paulo Freire propôs a reconstrução do ensino, para que houvesse uma transformação, de modo que os estudantes vivenciassem a história de suas vidas. E ainda disse que “educar-se é encharcar-se do cotidiano”. Para ele a educação deveria ser feita de forma que o aluno tivesse autonomia intelectual e um cidadão que pudesse escolher seus dirigentes. Então ele colocou o oprimido no palco da escola.

quinta-feira, abril 05, 2007

PENSANDO A CONSTRUÇÃO DOS SISTEMAS PÚBLICOS DE ENSINO, DISCUTA O POR QUÊ DE UMA DISCIPLINA RÍGIDA E DE UM PROFESSOR ENCICLOPÉDICO NUM MODELO DE EDUCAÇÃO TRADICIONAL.




O tempo passa, os valores humanos sofrem outras influências, as gerações se modificam e os conceitos de aplicação pedagógica também. É seguindo este pensamento que vamos discutir um sistema público de ensino estruturado e desenvolvido, obedecendo ao modelo de educação tradicional.
O poder pertencia à nobreza e ao clero, aos quais interessava manter a ignorância do povo para que este continuasse submisso a sua dominação. Esta política já vinha de muito tempo.
A democracia da burguesia precisava se consolidar. Ela sabia que, até então, a escola era para a elite e a massa (o povo) ficava na enxada.
Assim consolidou-se o sistema público de ensino (que tem início no século XIX), com a criação de uma escola, que seria para todos e dever do estado. Quais características teriam esta escola? Laica: proibia o ensino religioso nas escolas públicas, afastando o poder que a Igreja tinha sobre as pessoas; obrigatória: todos tinham que passar pela escola, garantindo-se a educação básica; gratuita: com sistema público, todos teriam direito de ingressarem na escola.
A escola torna-se um instrumento de ascensão política. Com o afastamento do antigo regime, a burguesia poderia inculcar na cabeça dos cidadãos sua hegemonia, ou seja, sua dominação.
Baseada numa disciplina rígida (“espartana”), a educação como redentora da humanidade era aplicada por um professor enciclopédico, que tinha uma cultura vasta e passava para os alunos um conhecimento que seria cumulativo, de forma linear e sem interrupções, dando oportunidade aos súditos de saírem da barreira da ignorância, se libertando da miséria moral e política.
A educação, em lugar de instrumento de equalização social, na verdade, constituía um mecanismo construído pela burguesia para garantir e perpetuar seus interesses, através do modelo de educação tradicional.
O SONHO DAS TRÊS ÁRVORES


Havia, no alto da montanha, três pequenas árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes. A primeira, olhando as estrelas, disse:
" Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros, para tal até me disponho a ser cortada."
A Segunda olhou para o riacho e suspirou:
" Eu quero ser um grande navio para transportar reis e rainhas."
A terceira árvore olhou o vale e disse:
"Quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto que as pessoas, ao olharem para mim, levantem seus olhos e pensem em Deus."
Muitos anos se passaram e certo dia vieram três lenhadores, e cortaram as três árvores. Todas ansiosas em serem transformadas naquilo com que sonhavam.Mas o destino parecia não compactuar com os seus sonhos!
A primeira árvore acabou se transformando num cocho de animais coberto de feno.A segunda virou um simples e pequeno barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias.A terceira mesmo sonhando em ficar no alto da montanha, acabou cortada em altas vigas e colocada de lado em um depósito.
E todas as três se perguntavam desiludidas e tristes:
" Para que isso?"
Mas numa certa noite, cheia de luz e estrelas, onde havia mil melodias no ar, uma jovem mulher colocou seu neném recém-nascido naquele cocho de animais.E de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo.
A Segunda árvore, anos mais tarde, acabou transportando um homem que acabou dormindo no barco, mas quando a tempestade quase afundou o pequeno barco, o homem se levantou e disse: " PAZ " !E num relance, a Segunda árvore entendeu que estava carregando o rei dos céus e da terra.
Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela. Logo sentiu-se horrível e cruel.Mas, logo no Domingo o mundo vibrou de alegria e a terceira árvore entendeu que nela havia sido pregado um homem para a salvação da humanidade, e que as pessoas sempre se lembrariam de Deus e seu filho Jesus Cristo ao olharem para ela.
As árvores haviam tido sonhos...
Mas as suas realizações foram mil vezes melhores e mais sábias do que haviam imaginado.
Aprendamos a ouvir o sonho que Deus sonha secretamente dentro de nossas almas, pois na sua realização estará o supremo sentido de nossa existência!
(autor desconhecido)
O Império no Brasil
O império brasileiro se estendeu desde 1822 quando foi feita a independência política do Brasil com relação a Portugal e se estendeu ate 1889 quando da proclamação da republica.Abrange: a) O 1º Reinado de D. Pedro I até sua abdicação do trono do Brasil(1822 - 1831)b) O período das regências durante a menoridade de D. Pedro II (1831 - 1840): o 2º Reinado de D.Pedro II desde a sua maioridade ate a proclamação da republica (1840 - 1889)Corresponde portanto a quase todo o século XIX que no mundo é caracterizado pelos desdobramentos das grandes revoluções burguesas ocorridas na Europa e América contra o absolutismo monárquico, contra os privilégios da nobreza e pelo estabelecimento dos direitos naturais do homem à liberdade, igualdade, fraternidade. A burguesia agora chegava ao poder, reduzindo o poder real através de constituições, ou da divisão do poder em executivo, legislativo e judiciário ou mesmo proclamando republicas.A Revolução Industrial iniciada na Inglaterra, por volta de 1750, deu início a uma nova fase do capitalismo, alterando modos de produção, formas de transporte e comunicação e novas fontes de energia.E o Brasil após a independência política é reorganizado para se inserir nesta nova conjuntura internacional onde Portugal e Holanda eram substituídos pela Inglaterra como nova potência econômica.Veremos então: A política interna do 1º Reinado (1822 - 1831) - as guerras de independência- a organização política feita pela Assembléia Constituinte e a 1ª Constituição do Brasil- Confederação do EquadorPolítica externa do 1º Reinado - o reconhecimento da independência- Missão Rio Maior- A perda da Província CisplatinaA abdicação e suas causas As Regências - divididas em: Regência trina provisória, trina permanente, Regência uma de Feijó: Regência uma de Araújo Lima- os conflitos político-sociais: Cabanagem, Farroupilhas ou Guerras dos Farrapos, Sabinada Balaiada.O 2º Império - as fases do 2º Império- a pacificação- o parlamentarismo- os partidos políticos- questões com a Inglaterra - Questão do tráfico e a Questão Christie- questões com a região do Rio da Prata e a guerra do Paraguai- a crise do 2º Império e as questões religiosas, militar e a abolição da escravidãoA economia e sociedade - na agricultura destaca-se o café, açúcar, algodão, arroz, tabaco e cacau- o comércio- a indústria e o Visconde de Mauá- transportes e as estradas de ferro- as comunicações- a urbanização- imigração através da colonização, do sistema de parcerias e a imigração subvencionada.
O Clube do Imperador


O conceituado professor de História da Antiguidade Clássica (Grécia-Roma), William Hundert, leciona no tradicional colégio “Sr. Benedict” para rapazes, filhos da nata da sociedade. O lema do colégio é “Terminus pendio in escorduim”, do latim “o fim depende do início”. O que determina a vida está diretamente ligado à educação recebida.
Assim o professor é um grande disciplinador (magistocentrismo – o saber está em suas mãos) , a base cultural de um indivíduo em formação, capaz de gastar uma aula inteira se dedicando a explicar pensamentos e campanhas militares para os estudantes. Todos os anos organizava uma competição, que se tornou um clássico no colégio, chamada “Clube do Imperador”. Sendo o ideal de aluno aquele que tirar a melhor nota.
Seus alunos são muito promissores, o que o anima ainda mais, a realizar um trabalho com qualidade. Entre eles há, inclusive, o filho de um dos vencedores de uma das edições passadas do “Clube do Imperador”. Depois de alguns dias sua aula é interrompida pela chegada de um novo aluno, Sedgewick Bell (Emile Hirsch), arrogante e prepotente filho de um senador.
O professor tem problemas com esse aluno que é muito indisciplinado. Ele estimula os outros a se afastarem do colégio de barco para outra parte e visitarem algumas garotas de outra escola, o que é proibido. Ao serem descobertos o professor os adverte da má conduta e fala sobre o código de auto disciplina.
Observamos a constante disciplina com que o professor se relaciona com os alunos (educação espartana).
Durante a aula o professor faz uma pergunta a Bell que, não sabendo responder, lhe dá como respostas palavras irônicas. O professor o repreende com a citação: “A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriagues passa, mas a estupidez dura para sempre”.
Diante disto o filho do senador muda de conduta e, como os demais, alunos, se dedica aos estudos visando a competição. ”Alea jacta est” (a sorte está lançada). Também notamos que o aluno ideal é aquele que tira as melhores notas.
O professor se vê diante da mais difícil batalha de sua carreira: admitir que dar asas a quem não quer voar é missão destinada ao fracasso. O aluno trapaceia na competição colando, mas como é filho de um senador, nada é feito. O educador fica decepcionado. Em dado momento ele pergunta: “Grande ambição e conquista sem contribuição não tem significado. Qual será a contribuição de vocês?”.
Um professor vive da esperança de moldar o caráter de um homem e da convicção de que o caráter pode mudar seu destino. No entanto, Bell, continua disperso, transgredindo todos os regulamentos da escola e o Hundert lamenta ter que entregar-lhe o diploma.
Vinte cinco anos depois, o professor é convidado a participar de uma nova competição, onde foram reunidos todos os seus ex-alunos (daquela turma), com o fim de arrecadar doações para sua antiga escola. Hundert se vê, novamente, diante da hipocrisia de Bell, que mais uma vez trapaceia.
O castigo de Bell acontece, quando ele confessa ao professor, que não acredita em nenhum dos valores por ele ensinado, que aquelas idéias, na prática, não serviam para nada. Não percebe, no entanto, que seu filho ouve toda a conversa. Esse lhe aparece, para seu espanto, e se mostra extremamente decepcionado com o que acaba de ouvir do pai.
Educar é, ampliar horizontes, redefinir metas, aguçar a sensibilidade e não, simplesmente, disponibilizar um diploma.
Seus demais alunos prestaram-lhe uma bela homenagem, entregando-lhe uma placa com as seguintes palavras: “Um grande professor tem pouco a registrar, sua vida se prolonga em outras, é o pilar de nossas escolas, mais essencial que tijolos e vigas e continuará a ser a centelha e a revelação em nossas vidas”.
No final do filme, o professor volta à sala de aula e se vê diante de novos alunos, entre meninos e meninas – escola nova – e tem a oportunidade de fazer jus ao nome de “mestre”.

Relatório de Visita ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói




Em visita ao Museu de Arte Contemporânea, na rua Mirante da Boa Viagem, s/nº, em Niterói, encontramos a exposição de obras originais de um dos acervos de arte greco-romana mais importantes do mundo: a coleção do Museu Pergamon de Berlim .
A exposição traz as semelhanças e diferenças entre deuses de diferentes crenças e culturas, os deuses gregos e os orixás afro-brasileiros. Também vimos: o Panteão dos deuses do Olimpo representados com esculturas, relevos em mármores e sua mitologia retratada em vasos de figuras vermelhas; o teatro grego como local de concentração do pensamento, da mitologia e de performance da cultura grega antiga representados por figuras da nova comédia em terracota, máscara em mármore e esculturas de atores; o espaço interno da Vila Romana com jardim e as peças bucólicas correspondentes; o santuário como local onde os homens procuravam aproximar-se dos deuses, trazendo suas oferendas; o aspecto da festa e do ritual, essencial na contínua reconstrução dos mitos e do universo simbólico dos deuses.
A história dos deuses gregos menciona que eles representam uma grande família. Têm laços de parentesco entre si, relacionam-se, brigam, amam-se, sentem ciúmes e se combatem. Portanto, vivem, muitas vezes, com mais intensidade humana do que os próprios homens e detêm poderes e qualidades. Na exposição, algumas esculturas e seus significados deixam isso bem claro, como: Hermes - Deus mensageiro; Dionísio - êxtase, desvairado; Afrodite - Deusa do amor e da beleza; Atena - nasceu já adulta ejetada da cabeça de Zeus, seu pai (era fidalga pronta para lutar); Poseidon – Sr. dos mares, único cavaleiro entre os deuses supremos e podia até caminhar sobre o mar; Demeter – esposa e mãe, garantia a fecundidade; Ártemis – gêmea de Apolo – associada à caça e protetora dos caçadores, protetora das parturientes entre outros.
O tema é interessante e foi bem representado pelo conjunto das obras expostas.
Alexander Fleming
"Não inventei a penicilina.A natureza é que a fez.Eu só a descobri por acaso."

Harry Lambert estava a morrer, a temperatura subira e o corpo era sacudido por constantes espasmos e soluços incontroláveis. Alexander Fleming estava convencido que restavam a Harry poucos instantes de vida. Não tinham conseguido isolar o micróbio que o atacava e os poucos medicamentos de que dispunham tinham agravado, ainda mais a situação. Inicialmente, parecia uma espécie de gripe, mas à medida que o seu estado foi piorando, começaram a surgir sintomas de meningite.
Após a colheita de uma amostra de líquido cefalo-raquidiano, conseguiu isolar uma estirpe da bactéria estreptococos extremamente virulenta. As hipóteses de Harry esgotavam-se, mas Fleming decidiu tentar mais uma vez. Telefonou a Howard Florey, chefe de uma equipa de cientistas que desenvolvia, em Oxford, um novo medicamento a partir da penicilina descoberta 14 anos antes por Fleming. Florey forneceu toda a penicilina existente, em Oxford, para o tratamento do paciente de Fleming, explicando minuciosamente a forma de utilização deste medicamento.
A penicilina foi injectada no paciente e foi verificado o extraordinário efeito produzido por esta. O paciente acalmava progressivamente, e ao fim de 24 horas a febre desaparecera. As injecções prolongaram-se pela semana, mas o paciente começou a mostrar sinais de recaída; a temperatura aumentou e voltou a ter fases de delírio.
Fleming retirou mais uma amostra de líquido cefalo-raquidiano e observou-o em busca de penicilina, mas não encontrou nenhuma. Isto significava que os estreptococos não eram destruídos no líquido cefalo-raquidiano. Fleming telefona, então, a Howard e questiona-o se já teria tentado injectar penicilina directamente no canal raquidiano de um paciente - a resposta foi negativa. De qualquer forma, Fleming decidiu tentar a sua sorte, e injectar a penicilina no canal raquidiano de Lambert. Ao mesmo tempo que Fleming procedia a este delicada intervenção, Florey injectou penicilina no canal raquidiano de um coelho e este teve morte imediata!
No entanto, o quadro clínico do paciente teve aqui a sua reviravolta. Lentamente a febre baixou, e voltou a estar consciente. Nos dias seguintes recebeu mais injecções e as melhorias tornaram-se mais acentuadas. Passado um mês, saia a pé do hospital, completamente curado.
Alexander Fleming, ou Alec como todos o chamavam, nasceu numa remota quinta nas terras altas do Ayrshire, no sudeste da Escócia, a 6 de Agosto de 1881.
Do primeiro casamento o pai teve 4 filhos; após a morte da mulher casou-se com Grace, aos 60 anos, de quem teve mais 4 filhos, dos quais Alec era o terceiro. O pai faleceu, quando Alec tinha ainda sete anos; a partir desta data a mãe e o irmão Hugh passaram a dirigir a família e a cuidar da exploração de gado, e o seu irmão Tom partiu para Glasgow para estudar medicina. Alec passava os dias, nesta época, com o irmão John, dois anos mais velho, e com Robert, dois anos mais novo: exploravam a propriedade, seguiam os ribeiros e pescavam nas águas do rio... Desde cedo que Alec ficou fascinado pela natureza, desenvolvendo um sentido excepcional de observação do que o rodeava.
No verão de 1895, Tom propôs-lhe que fosse estudar para Londres, onde este tinha um consultório que se dedicava a doenças oculares. Juntaram-se, assim, os três irmãos em Londres: Alec, John e Robert. John aprendeu a arte de fazer lentes (o director da empresa onde ele trabalhava era Harry Lambert, o famoso paciente de Alec) e Robert acompanhou Alec na Escola Politécnica. Aos 16 anos, tinha realizado todos os exames, mas não tinha ainda certeza sobre qual o futuro a seguir. Assim, empregou-se numa agência de navegação da American Line.
Em 1901, os irmãos Fleming receberam uma herança de um tio recentemente falecido. Tom utilizou-a para abrir um novo consultório e assim, aumentar o número de clientes. Robert e John estabeleceram-se por conta própria como fabricantes de lentes, onde obtiveram um enorme sucesso. E Alec utilizou a sua parte da herança para tirar o curso de medicina, ingressando em Outubro de 1901 na Escola Médica do Hospital de St. Mary.
Apesar de ter seguido medicina para fugir à rotina do escritório, apercebeu-se rapidamente que gostava bastante do curso. Incrivelmente, tinha ainda tempo para praticar actividades extracurriculares: jogava pólo aquático, entrou para a Associação Dramática e para a Associação de Debates e tornou-se um membro distinto do Clube de Tiro.
Em Julho de 1904, fez os primeiros exames de medicina, e pensou seguir a especialidade de cirurgia. Dois anos mais tarde, completou o curso de medicina, preparando-se para continuar na escola médica, onde iria realizar um exame superior que lhe daria mais opções para o futuro.
John Freeman, um dos membros do Clube de Tiro, arranjou a Fleming um trabalho no Hospital de St. Mary, de forma a garantir a sua participação no campeonato de tiro. Assim, nesse verão, Fleming ingressou no Serviço de Almroth Wright - Professor de Patologia e Bacteriologia - um dos pioneiros da terapia da vacinação. Era uma solução temporária, mas o trabalho apaixonou-o tanto que não iria mais abandonar este serviço. Ali estudavam-se, principalmente, as consequências das vacinas no sistema imunitário. Tentavam identificar as bactérias que provocavam uma dada doença, e para obterem uma vacina contra essas bactérias, cultivavam-nas, matavam-nas e misturavam-nas num líquido.
Em 1908, Fleming fez novos exames, onde obteve Medalha de Ouro. E decidiu preparar-se para o exame de especialidade que lhe permitia ser cirurgião. Um ano mais tarde, concluiu esse exame – ainda assim optou por permanecer com Almroth Wright.
Á medida que o seu trabalho prosseguia, Fleming ganhava fama como especialista da terapia de vacinação. Simultaneamente, torna-se conhecido ao simplificar o teste da sífilis.
No início da 1ª Guerra Mundial, em 1914, Fleming foi transferido juntamente com toda a equipa de Wright para um hospital em França. A aplicação da vacina de Wright evitou a perda de muitas vidas no exército britânico. Realizaram, durante este período, diferentes investigações e melhoraram o tratamento das feridas infectadas (estas medidas só viriam a ser implementadas durante a 2ª Guerra Mundial).
Numa das suas curtas licenças, Fleming casou-se em Londres, a 23 de Dezembro de 1915, com Sally McElroy, mais tarde conhecida por Sareen. Logo após o casamento, Fleming voltou para França. A sua vida matrimonial só iria iniciar verdadeiramente em Janeiro de 1919, quando voltou para Inglaterra. Algum tempo depois, o seu irmão John casou-se com a irmã gémea de Sally, Elisabeth McElroy, estreitando-se assim os laços entre a família Fleming e a McElroy.
Corria o ano de 1921, quando Fleming descobriu as lisozimas, a partir da observação de uma cultura de bactérias, já com algumas semanas. As lisozimas são hoje conhecidas como sendo a primeira linha do sistema imunitário. Mas, na altura, não se tinha inteira consciência do que isso significava, e seriam precisos anos de investigação para se conhecer bem esse sistema de defesa. Como tal, ninguém se apercebeu da real importância desta descoberta e Fleming também não era homem para obrigar os outros a prestarem-lhe atenção.
Numa manhã de Setembro de 1928, Fleming percorria o laboratório central, levando uma cultura que parecia achar bastante interessante. Todos deram uma vista de olhos, mas a maioria pensou tratar-se de mais um exemplo da acção da lisozima, só que desta vez sobre um fungo. Na realidade, este fungo apresentava uma acção nunca conseguida pela lisozima; atacava uma das bactérias que causava um maior número de infecções – Estafilococos. Aparentemente, um bolor desconhecido que aparecera, por acaso, numa placa de cultura, dissolvia as bactérias, e não atacava o organismo humano.
Alec tornou-se um coleccionador fanático de fungos, não se convencia de que aquele fosse o único com propriedades excepcionais. A sua busca permanente tornou-se famosa entre amigos e familiares: queijo, presunto, fatos velhos, livros e quadros antigos, pó e sujidade de toda a espécie – nada escapava à caça de Fleming. Mas o seu fungo era de facto único; quanto mais o estudava, mais extraordinário lhe parecia, até matava as bactérias causadoras da gangrena gasosa. Descobriu, ainda, que podia utilizar a penicilina para isolar bactérias como, por exemplo, as que estão na origem da tosse convulsa. Este uso laboratorial na selecção de bactérias, fazia da penicilina o primeiro dos grandes antibióticos.
Paralelamente, uma equipa em Oxford, chefiada por Howard Florey e Ernst Chain, começou a trabalhar no desenvolvimento da penicilina. Quando Fleming ouviu falar dessa investigação científica, dirigiu-se imediatamente para lá, visitando as instalações e ficando a conhecer os últimos avanços.
Em 12 de Fevereiro de 1941 surgiu a oportunidade de tratar o primeiro doente! Tratava-se de um polícia chamado Albert Alexander, com um arranhão infectado, causado pelo espinho de uma rosa. Após um período de sensíveis melhorias, as bactérias invadiram, novamente, o organismo. Mas não havia penicilina disponível para o tratar, e faleceu a 15 de Março.
O segundo doente foi um rapaz de 15 anos com uma infecção pós-operatória, após a administração da penicilina recuperou por completo. Outros seis doentes foram tratados com penicilina e melhoraram significativamente. E como estes, mais doentes foram salvos.
Em Agosto de 1942, deu-se o caso de Harry Lambert. Até então, Fleming não tivera oportunidade de ver actuar a "penicilina de Oxford". Poucos dias após a cura de Harry Lambert, o caso chegou aos jornais. A partir de então, Fleming deixou de ter vida privada, já que os resultados obtidos anteriormente tinham sempre passado completamente despercebidos.
O relato da descoberta da penicilina e a história dos primeiros anos de Fleming passados na Escócia rural entusiasmou a imaginação popular. Porém, a felicidade destes anos terminou com o agravamento do estado de saúde da sua mulher, Sareen, que faleceu a 28 de Outubro de 1949. Com a sua morte, Fleming ficou extremamente só. A porta do laboratório – normalmente sempre aberta aos visitantes – passou a estar fechada. Só a muito custo é que a paixão pelo trabalho conseguiu distraí-lo do seu desgosto e fazê-lo retomar parte da sua antiga vitalidade.
Depois da II Guerra Mundial, uma jovem cientista grega, Amalia Voureka, veio colaborar com Fleming no laboratório. Passou a ser a sua companheira predilecta, e por fim, em 1953, casou-se com Fleming. Alec continuou a trabalhar e viajar até à sua morte, que ocorreu inesperadamente, a 11 de Março de 1955, devido a um ataque cardíaco.
"Não há dúvida que o futuro da humanidade depende, em grande parte, da liberdade que os investigadores tenham de explorar as suas próprias ideias. Embora não se possa considerar descabido os investigadores desejarem tornarem-se famosos, a verdade é que o homem que se dedicar à pesquisa com o objectivo de conseguir riqueza ou notoriedade, escolheu mal a sua profissão!"
Alexander Fleming


terça-feira, março 20, 2007

Estou contente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Dois meses do início de um grande re-encontro, nesta re-encarnação.

I love you.

1
Tua medida
Capítulo 10, item 11

“Não julgueis, afim de que não sejais julgados, porque vós sereis julgados segundo houverdes julgado os outros, e se servirá para convosco da mesma medida da qual vos servistes para com eles.”
(Capítulo 10, item 11)*

Toda opinião ou juízo que desenvolvemos no presente está intimamente ligado a fatos antecedentes.
Quase sempre, todos estamos vinculados a fatores de situações pretéritas, que incluem atitudes de defesa, negações ou mesmo inúmeras distorções de certos aspectos importantes da vida. Tendências ou pensamentos julgadores estão sedimentados em nossa memória profunda, são subprodutos de uma série de conhecimen­tos que adquirimos na idade infantil e também através das vivências pregressas.
Censuras, observações, admoestações, superstições, pre­conceitos, opiniões, informações e influências do meio, inclusive de instituições diversas, formaram em nós um tipo de “reservatório moral” - coleção de regras e preceitos a ser rigorosamente cum­pridos -, do qual nos servimos para concluir e catalogar as atitudes em boas ou más.
Nossa concepção ético-moral está baseada na noção adquirida em nossas experiências domésticas, sociais e religiosas, das quais nos servimos para emitir opiniões ou pontos de vista, a fim de harmonizarmos e resguardarmos tudo aquilo em que acreditamos como sendo “verdades absolutas”. Em outras palavras, como forma de defender e proteger nossos “valores sagrados”, isto é, nossas aquisições mais fortes e poderosas, que nos servem como forma de sustentação.
Em razão disso, os freqüentes julgamentos que fazemos em relação às outras pessoas nos informam sobre tudo aquilo que temos por dentro. Explicando melhor, a “forma” e o “material” utilizados para sentenciar os outros residem dentro de nós.
Melhor do que medir ou apontar o comportamento de alguém seria tomarmos a decisão de visualizar bem fundo nossa intimidade, e nos perguntarmos onde está tudo isso em nós. Os indivíduos podem ser considerados, nesses casos, excelente espe­lho, no qual veremos quem somos realmente. Ao mesmo tempo, teremos uma ótima oportunidade de nos transformar intimamente, pois estaremos analisando as características gerais de nossos conceitos e atitudes inadequados.
Só poderemos nos reabilitar ou reformar até onde con­seguimos nos perceber; ou seja, aquilo que não está consciente em nós dificilmente conseguiremos reparar ou modificar.
Quando não enxergamos a nós mesmos, nossos compor­tamentos perante os outros não são totalmente livres para que pos­samos fazer escolhas ou emitir opiniões. Estamos amarrados a for­mas de avaliação, estruturadas nos mecanismos de defesa - proces­sos mentais inconscientes que possibilitam ao indivíduo manter sua integridade psicológica através de uma forma de “auto-engano.”
Certas pessoas, simplesmente por não conseguirem conviver com a verdade, tentam sufocar ou enclausurar seus sentimentos e emoções, disfarçando-os no inconsciente.
Em todo comportamento humano existe uma lógica, isto é, uma maneira particular de raciocinar sobre sua verdade; portanto, julgar, medir e sentenciar os outros, não se levando em conta suas realidades, mesmo sendo consideradas preconceituosas, neuróticas ou psicóticas, é não ter bom senso ou racionalidade, pois na vida somente é válido e possível o “autojulgamento”.
Não obstante, cada ser humano descobre suas próprias formas de encarar a vida e tende a usar suas oportunidades vivenciais, para tornar-se tudo aquilo que o leva a ser um “eu individualizado”.
Devemos reavaliar nossas idéias retrógradas, que estreitam nossa personalidade, e, a partir daí, julgar os indivíduos de forma não generalizada, apreciando suas singularidades, pois cada pessoa tem uma consciência própria e diversificada das outras tantas consciências.
Julgar uma ação é diferente de julgar a criatura. Posso julgar e considerar a prostituição moralmente errada, mas não posso e não devo julgar a pessoa prostituída. Ao usarmos da empatia, colocando-nos no lugar do outro, “sentindo e pensando com ele”, em vez de “pensar a respeito dele”, teremos o comportamento ideal diante dos atos e atitudes das pessoas.
Segundo Paulo de Tarso, “é indesculpável o homem, quem quer que seja, que se arvora em ser juiz. Porque julgando os outros, ele condena a si mesmo, pois praticará as mesmas coisas, atraindo-as para si, com seu julgamento”. (1)
O “Apóstolo dos Gentios” manifesta-se claramente, evidenciando nessa afirmativa que todo comportamento julgador estará, na realidade, estabelecendo não somente uma sentença, ou um veredicto, mas, ao mesmo tempo, um juízo, um valor, um peso e uma medida de como julgaremos a nós mesmos.
Essencialmente, tudo aquilo que decretamos ou sentenciamos tornar-se-á nossa “real medida”: como iremos viver com nós mesmos e com os outros.
O ser humano é um verdadeiro campo magnético, atraindo pessoas e situações, as quais se sintonizam amorosamente com seu mundo mental, ou mesmo de forma antipática com sua maneira de ser. Dessa forma, nossas afirmações prescreverão as águas por onde a embarcação de nossa vida deverá navegar.
Com freqüência, escolhemos, avaliamos e emitimos opi­niões e, conseqüentemente, atraímos tudo aquilo que irradiamos. A psicologia diz que uma parte considerável desses pensamentos e experiências, os quais usamos para julgar e emitir pareceres, acon­tece de modo automático, ou seja, através de mecanismos não per­ceptíveis. É quase inconsciente para a nossa casa mental o que escolhemos ou opinamos, pois, sem nos dar conta, acreditamos estar usando o nosso “arbítrio”, mas, na verdade, estamos optan­do por um julgamento predeterminado e estabelecido por “arqui­vos que registram tudo o que nos ensinaram a respeito do que deveríamos fazer ou não, sobre tudo que é errado ou certo.
Poder-se-á dizer que um comportamento é completamente livre para eleger um conceito eficaz somente quando as decisões não estão confinadas a padrões mentais rígidos e inflexíveis, não estão estruturadas em conceitos preconceituosos e não estão alicerçadas em idéias ou situações semelhantes que foram vivenciadas no passado.
Nossos julgamentos serão sempre os motivos de nossa li­berdade ou de nossa prisão no processo de desenvolvimento e crescimento espiritual.
Se criaturas afirmarem “idosos não têm direito ao amor”, limitando o romance só para os jovens, elas estarão condenando-se a uma velhice de descontentamento e solidão afetiva, desprovida de vitalidade.
Se pessoas declararem “homossexualidade é abominável” e, ao longo do tempo, se confrontarem com filhos, netos, parentes e amigos que têm algum impulso homossexual, suas medidas estarão estabelecidas pelo ódio e pela repugnância a esses mesmos entes queridos.
Se indivíduos decretarem ‘jovens não casam com idosos”, estarão circunscrevendo as afinidades espirituais a faixas etárias e demarcando suas afetividades a padrões bem estreitos e apertados quanto a seus relacionamentos.
Se alguém subestimar e ironizar “o desajuste emocional dos outros”, poderá, em breve tempo, deparar-se em sua própria existência com perplexidades emocionais ou dilemas mentais que o farão esconder-se, a fim de não ser ridicularizado e inferiorizado, como julgou os outros anteriormente.
Se formos juízes da “moral ideológica” e “sentimental”, sen­tenciando veementemente o que consideramos como “erros alheios”, estaremos nos condenando ao isolamento intelectual, bem como ao afetivo, pela própria detenção que impusemos aos outros, por não deixarmos que eles se lançassem a novas idéias e novas simpatias.
“Não julgueis, a fim de que não sejais julgados”, ou mes­mo, “se servirá para convosco da mesma medida da qual vos servistes para com eles”, quer dizer, alertemo-nos quanto a tudo aquilo que afirmamos julgando, pois no “auditório da vida” todos somos “atores” e “escritores” e, ao mesmo tempo, “ouvintes” e “espectadores” de nossos próprios discursos, feitos e atitudes.
Para sermos livres realmente e para nos movermos em qualquer direção com vista à nossa evolução e crescimento como seres eternos, é necessário observarmos e concatenarmos nos­sos “pesos” e “medidas”, a fim de que não venhamos a sofrer constrangimento pela conduta infeliz que adotarmos na vida em forma de censuras e condenações diversas.

* A presente citação e todas as demais que iniciam cada capítulo foram extraídas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec. (Nota do autor espiritual.)
(1) Romanos, 2:1