Além da Letra

"Cada enunciado é um elo de uma cadeia muito complexa de outros enunciados" Mickail Bakhtin

quinta-feira, abril 05, 2007

O Clube do Imperador


O conceituado professor de História da Antiguidade Clássica (Grécia-Roma), William Hundert, leciona no tradicional colégio “Sr. Benedict” para rapazes, filhos da nata da sociedade. O lema do colégio é “Terminus pendio in escorduim”, do latim “o fim depende do início”. O que determina a vida está diretamente ligado à educação recebida.
Assim o professor é um grande disciplinador (magistocentrismo – o saber está em suas mãos) , a base cultural de um indivíduo em formação, capaz de gastar uma aula inteira se dedicando a explicar pensamentos e campanhas militares para os estudantes. Todos os anos organizava uma competição, que se tornou um clássico no colégio, chamada “Clube do Imperador”. Sendo o ideal de aluno aquele que tirar a melhor nota.
Seus alunos são muito promissores, o que o anima ainda mais, a realizar um trabalho com qualidade. Entre eles há, inclusive, o filho de um dos vencedores de uma das edições passadas do “Clube do Imperador”. Depois de alguns dias sua aula é interrompida pela chegada de um novo aluno, Sedgewick Bell (Emile Hirsch), arrogante e prepotente filho de um senador.
O professor tem problemas com esse aluno que é muito indisciplinado. Ele estimula os outros a se afastarem do colégio de barco para outra parte e visitarem algumas garotas de outra escola, o que é proibido. Ao serem descobertos o professor os adverte da má conduta e fala sobre o código de auto disciplina.
Observamos a constante disciplina com que o professor se relaciona com os alunos (educação espartana).
Durante a aula o professor faz uma pergunta a Bell que, não sabendo responder, lhe dá como respostas palavras irônicas. O professor o repreende com a citação: “A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriagues passa, mas a estupidez dura para sempre”.
Diante disto o filho do senador muda de conduta e, como os demais, alunos, se dedica aos estudos visando a competição. ”Alea jacta est” (a sorte está lançada). Também notamos que o aluno ideal é aquele que tira as melhores notas.
O professor se vê diante da mais difícil batalha de sua carreira: admitir que dar asas a quem não quer voar é missão destinada ao fracasso. O aluno trapaceia na competição colando, mas como é filho de um senador, nada é feito. O educador fica decepcionado. Em dado momento ele pergunta: “Grande ambição e conquista sem contribuição não tem significado. Qual será a contribuição de vocês?”.
Um professor vive da esperança de moldar o caráter de um homem e da convicção de que o caráter pode mudar seu destino. No entanto, Bell, continua disperso, transgredindo todos os regulamentos da escola e o Hundert lamenta ter que entregar-lhe o diploma.
Vinte cinco anos depois, o professor é convidado a participar de uma nova competição, onde foram reunidos todos os seus ex-alunos (daquela turma), com o fim de arrecadar doações para sua antiga escola. Hundert se vê, novamente, diante da hipocrisia de Bell, que mais uma vez trapaceia.
O castigo de Bell acontece, quando ele confessa ao professor, que não acredita em nenhum dos valores por ele ensinado, que aquelas idéias, na prática, não serviam para nada. Não percebe, no entanto, que seu filho ouve toda a conversa. Esse lhe aparece, para seu espanto, e se mostra extremamente decepcionado com o que acaba de ouvir do pai.
Educar é, ampliar horizontes, redefinir metas, aguçar a sensibilidade e não, simplesmente, disponibilizar um diploma.
Seus demais alunos prestaram-lhe uma bela homenagem, entregando-lhe uma placa com as seguintes palavras: “Um grande professor tem pouco a registrar, sua vida se prolonga em outras, é o pilar de nossas escolas, mais essencial que tijolos e vigas e continuará a ser a centelha e a revelação em nossas vidas”.
No final do filme, o professor volta à sala de aula e se vê diante de novos alunos, entre meninos e meninas – escola nova – e tem a oportunidade de fazer jus ao nome de “mestre”.