Além da Letra

"Cada enunciado é um elo de uma cadeia muito complexa de outros enunciados" Mickail Bakhtin

terça-feira, novembro 21, 2006

Por que estou aqui?!
AQUI & AGORA

Estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já.

Meu tema é o instante? Meu tema de vida. Procuro estar a par dele, divido-me milhares de vezes, em tantas vezes quanto os instantes que decorrem, fragmentária que sou e precários os momentos – só me comprometo com a vida que nasça com o tempo e com ele cresça: só no tempo há espaço para mim.
Domingo é o dia dos ecos – quentes, secos, e em toda a parte zumbidos de abelhas e vespas, gritos de pássaros e o longínquo das marteladas compassadas – de onde vêm os ecos de domingo? Eu que detesto domingo por ser oco.

Nada existe de mais difícil do que entregar-se ao instante. Esta dificuldade é dor humana. É nossa. Eu me entrego em palavras e me entrego quando pinto.

Clarice Lispector

PÓRTICO

O que te escrevo não tem começo: é uma continuação. Das palavras deste canto que é meu e teu, evola-se um halo que transcende as frases, você sente? Minha experiência vem de que eu já consegui pintar o halo das coisas. O halo é mais importante que as coisas e as palavras. O halo é vertiginoso. Finco a palavra no vazio descampado: é uma palavra como fino bloco monolítico que projeta sombra. E é trombeta que anuncia.

Clarice Lispector

A escrita como resgate contemporâneo da reflexão


A escrita é o registro e resgate da memória. Permite re-elaborar e re-organizar acontecimentos antes equivocados, como também re-viver esquecidas emoções.
Para cada pessoa os fatos representam algo distinto. No texto “Memória” de Mem Fox(1996), por exemplo, a memória – tema central da obra – é descoberta pela criança, no diálogo com os adultos e retomada pelo idoso. “A memória é algo que faz chorar, algo que é antigo, algo que faz rir e vale ouro”.
Extraído do livro “Tempo e o Vento”, no texto de Rubem Alves a personagem Xerazade lera livro de toda a espécie, e havia memorizado grande parte de poemas e narrativas que ela sopra no ouvido do sultão, salvando-a por mil e uma noites e mostrando que a reflexão resgatou a escrita em sua memória.
Vale citar também, o texto “Guardar” de Antônio Cícero quando diz “ Por isso melhor se guarde o vôo de um pássaro”. O ideal é lembrar da liberdade de voar que é a sua história, “Do que um pássaro sem vôos” , pois um pássaro sem vôo não tem vida. Guardar e lembrar, é penetrar na memória e resgatar o significado de tudo. A palavra refletida é como o pássaro, que quando escrita, alcança vôos incalculáveis de liberdade.
Algumas vezes ensaiei escrever, escrever histórias que tinham grandes significados, montava e remontava minhas personagens. A possibilidade da criação é tão grande que eu podia interferir em suas vidas, viajando na imaginação, manipulado-os, transformado-os, amando-os e, quando não estava satisfeita com alguma coisa eu apagava e isso me dava a liberdade de re-pensar cada papel.
Hoje quando escrevo, revivo minha vida e resolvo fatos pendentes, coloco cada coisa em seu lugar, parece até retrospectiva de um filme e antes de terminá-lo re-escrevo várias vezes e descubro sempre coisas novas. Recordo Paulo Freire(1987) em seu texto “A Importância do Ato de Ler”, que revive sua infância para contar a importância da influência no presente e fala do momento de aprendizagem e que seu caderno foi o quintal de sua casa.
Para mim as primeiras letras foram só dificuldades, achava a caligrafia horrível, e entender um texto era pavoroso, mas aos poucos a necessidade transformou-se em prazer,e hoje estou aqui no curso de Pedagogia e dou um valor enorme ao estudo que abre horizontes onde a “luz” antes não reinava.

Começo o final de uma batalha gratificante!!!

segunda-feira, novembro 20, 2006


D E U S

Universo é obra inteligentíssima: obra que transcende a mais genial inteligência humana.

E como todo efeito inteligente tem uma causa inteligente,é forçoso inferir que a do Universo é superior a toda inteligência:

É a inteligência das inteligências;
A causa das causas;A lei das leis;
O princípio dos princípios;
A razão das razões;
A consciência das consciências;
É Deus.
Deus!
Nome mil vezes santo, que Newton jamais pronunciava sem se descobrir!
Deus!
Vós que vos revelais pela natureza,Vossa filha e nossa mãe,reconheço-vos eu, Senhor,Na poesia da criação;
na criança que sorri;
No ancião que tropeça;
no mendigo que implora;
Na mão que assiste;
na mãe que vela;
No pai que instrui;
no apóstolo que evangeliza;
Reconheço-vos eu, Senhor, no amor da esposa,No afeto do filho;
na estima da irmã;
Na justiça do justo; na misericórdia do indulgente;
Na fé do pio;
na esperança dos povos;
Na caridade dos bons; na inteireza dos íntegros;
Deus!
Reconheço-vos eu, Senhor,No estro do vale;
na eloquência do orador;
Na inspiração do artista;
na santidade do moralista;
Na sabedoria do filósofo;
nos fogos do génio!
Deus!
Reconheço-vos eu, Senhor, Na flor dos vergéis;
na relva dos vales;
No matiz dos campos;
na brisa dos prados;
No perfume das campinas;
no murmúrio das fontes;
No rumorejo das franças;
na música dos bosques;
Na placidez dos lagos;
na altivez dos montes;
Na amplidão dos oceanos;
na majestade do firmamento!
Deus!
Reconheço-vos eu, Senhor,Nos lindos antélios;
no íris multicor;
Nas auroras polares;
no argênteo da lua;
No brilho do sol;
na fulgência das estrelas;
No fulgor das constelações!
Deus!
Reconheço-vos eu, Senhor,Na formação das nebulosas;
na origem dos mundos;
Na génesis dos sóis; no berço das humanidades;
Na maravilha, no esplendor, no sublime infinito!
Deus!
Reconheço-vos eu, Senhor,com Jesus, quando ora:
“PAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS”...
Ou com os anjos,quando cantam:
“GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS”...

Autor Espititual: Eurípedes Barsanulfo
Psicografada por: Médium: Divaldo P. Franco
Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela.
Por isso se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarda o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
Antônio Cícero
Livro: Guardar

quinta-feira, novembro 16, 2006

Carpem Diem
No filme Sociedade dos Poetas Mortos, a escola considerada “padrão”, usava uma metodologia tradicional e ortodoxa. A ordem e disciplina aplicadas, bloqueavam a expressão do pensamento livre e alguns professores eram bastante desatualizados e acomodados.

O professor de Literatura, Keating, se diferencia dos demais e usa sua criatividade para incentivar os alunos a perceberem-se como sujeitos da aprendizagem e não apenas objetos. A interpretação que ele dava aos poemas fazia com que os textos tivessem vida, facilitando sua compreensão.

Os alunos tomaram conhecimento da história da Sociedade dos Poetas Mortos e aprenderam que palavra e idéia podem mudar o mundo. Eles começaram a se reunir, à noite, numa caverna, assim como o antigo grupo sociedade dos poetas mortos, para lerem textos e poemas que descobrissem nova motivação de vida.

O professor conseguiu despertar o que repousava dentro de cada um. Fez com que todos percebessem que não eram apenas razão, mas também sentimentos e que a vida precisa ser vivida intensamente, aproveitando um dia de cada vez e a isso chamava de Carpem Diem.

Alguns alunos obtiveram sucesso em suas vidas pessoais, a partir do novo conhecimento, como o caso de um que conseguiu se aproximar de uma moça e declarou sua paixão, movido pela coragem que as aulas lhe proporcionaram.

Já o aluno Neil, que desejava ser ator, decepcionado e angustiado, foi reprimido pela família, o que fez com que ele tirasse sua própria vida, pois, até aquele momento, segundo o que deixara escrito: “não havia aprendido a viver”.

No final do filme, a direção rigorosa do colégio, expulsa o professor e culpa-o pela morte do aluno, dizendo que ele foi o responsável por colocar essas idéias na cabeça deles. Porém, em sinal de protesto, os alunos manifestaram gratidão ao professor e, no momento em que ele foi recolher seus últimos pertences na sala de aula, um a um subiu na mesa e saudou sua presença com gritos de liberdade.

O filme traz a reflexão sobre a escola egoísta e que precisa ser mudada para ajudar a formar cidadãos participativos e dinâmicos que consigam se perceber no mundo para interagir.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Museu da República


Em visita ao Museu da República, no Palácio do Catete, rua do Catete n. 153, vimos a importância trazida pelas obras lá expostas. A história é recuperada por seus grandes Salões, a exemplo do Salão Ministerial – usado para pequenas refeições - Salão Azul, Salão Pompeano, Salão Amarelo, Salão Mourisco, Salão Banquete e também pela demonstração da vida pública dos presidentes.

Antônio Clemente Pinto foi o primeiro proprietário do Palácio do Catete.

Em vários momentos a mulher é valorizada com o “Jornal Semanário” dedicado aos interesses da mulher – “O sexo feminino”- destaca Francisca Senhorinha da Mota Diniz,escritora, educadora e jornalista que casou-se com José Joaquim da Silva. Também Ana Cristina César, poetisa e tradutora, é lembrada e sua poesia foi publicada na Tribuna da Imprensa.

Outras mulheres também são destacadas, como Clarice Lispector que em 1946 publica seu 2º livro – o Lustre, nesse mesmo ano é lançado o biquine e Angela Maria inicia sua carreira de cantora participando do programa de calouros em 1947.

Quadros expostos de presidentes e suas esposas - Maria da Conceição Manso Saijão Pessoa, que casou com Eptácio Lindolffo da Silva Pessoa, presidente de 26/06/1919 a 15/11/1922 e João Goulart e Maria Thereza no Comício da Central do Brasil -13/5/1964.

Em um espaço do segundo andar do museu, uma rádio toca a música – Ge-gê (Seu Getúlio) em homenagem ao ex-presidente Getúlio Vargas e nas paredes estão registradas suas palavras, tais como: “Eu gosto mais de ser interpretado do que me explicar”, escrita em seu diário no dia 18/03/1939” e também, “O trabalhador brasileiro possuí hoje o seu código de direitos, a sua carta de emancipação econômica. E sabe perfeitamente o que isso vale, o que isso representa como patrimônio cultural e material, sobretudo na hora de lutas e incertezas que vive o mundo”, no dia 1º de maio de 1945.

Os coordenadores do museu são atenciosos, esclarecendo as informações que os visitantes questionam. Recebemos um informativo - Jornal do Brasil, edição histórica, sábado, 18 de setembro de 2004 - que traz informações sobre o “suicídio de Getúlio”, “a revolução de 30”, “a constituição de 34” e “o golpe de 37 e o Estado Novo”.

Quando visitamos o museu relembramos o passado e a caminhada que cada presidente fez para construção política do Brasil.

sábado, novembro 04, 2006

O que escrever..escrever sobre o que...escrever sobre o que...é difícil...
Portanto não desisto...e continuo imaginando...o que poderia escrever...

E visitando outros blogs.. analisando cada informação...e comentários...
É possível escrever...escrever sobre tudo o que gosto...
E descobrir que escrevendo, desabafo...e me enrrosco...

Sufoco e debocho...de tudo quanto não gosto...
E escrevendo, uso a imaginação...
Decubro que o talento está nas veias...

Quando quero saber, investigo...invado...e presto atenção...
Escrevendo..escrevendo..continuo pensando no que poderia escrever...
Tentei e consegui descobrir...que com as palavras eu invento e recrio o que eu quero...

Sem compromisso eu escrevo...
Na colcha de retalhos... crio em cada pedaço uma história...
Escrevo cada pedaço no momento ideal que desejo...

Não criei remendos, mas na história da vida já existe os remendos...
Nos remendos alinhavo e costuro toda a história que desejo...
Preciso saber o fim, porém descubro que tem mais retalhos...

Ando e canso...e escrevo a história de minha vida...assim...
Com ponto, vírgula sem fim...

William Shakespeare




Embora a sua data de nascimento seja desconhecida, admite-se a de 23 de Abril de 1564 com base no registro de seu batizado, a 26 do mesmo mês, devido ao costume, à época, de se batizarem as crianças três dias após o nascimento.
Terceiro filho de oito, havidos por John Shakespeare, um comerciante de lãs, e Mary Arden, filha de um rico proprietário de terras, foi o filho mais velho, de sexo masculino, do casal.Foi educado em uma das excelentes grammar schools da época, o que explica o grande conhecimento de um autor que não freqüentou universidades.
Em 1582, aos 18 anos de idade, casou-se com Anne Hathaway, uma mulher de 26 anos, que
Por volta de 1588 mudou-se para Londres, onde, em 1592 já fazia sucesso como ator e dramaturgo. Entretanto, as suas poesias, e não as suas peças, é que eram aclamadas pelo público. Isso se deveu ao fato de que, entre 1592 e 1594, por 21 meses, os teatros londrinos foram obrigados a fechar em virtude da peste que então grassava na cidade.
Nesse período, foram publicados Vênus e Adônis (1593) e O Rapto de Lucrécia (1594), que juntamente com seus Sonetos (cerca de cento e cinquenta), tornaram-no famoso por explorar os aspectos do amor.
Começou a escrever a sua primeira peça, a Comédia dos Erros, em 1590, terminando-a quatro anos depois, época em que ingressou na Companhia de Teatro de Lord Chamberlain, que possuía um excelente teatro em Londres.
Desde então escreveu mais de trinta e oito peças, divididas entre comédias, tragédias e peças históricas. Além de fama, esses escritos trouxeram-lhe riqueza, uma vez que era sócio da companhia teatral. Jamais publicou suas peças, uma vez que como a dramaturgia não era bem paga, Shakespeare preferia que as mesmas fossem representadas.
Com os recursos recebidos, adquiriu uma casa em Stratford, uma casa em Londres, além de outras propriedades.Neste período, o contexto histórico favorecia o desenvolvimento cultural e artístico, pois a Inglaterra vivia os tempos de ouro sob o reinado da rainha Elizabeth I.
O teatro deste período, conhecido como teatro elisabetano, foi de grande importância. No ano d e 1610 , retornou para Sratford-upon-Avon, sua cidade natal, onde escreveu a sua última peça, A Tempestade, terminada somente e m 1613. Faleceu, em 23 de A bril de 1 616, de causa ainda não identificada pelos historiadores.

Comédias
O Mercador de Veneza
Sonho de uma noite de verão
A Comédia dos erros
Os dois fidalgos de Verona
Muito barulho por nada
Noite de reis
Medida por medida
Conto do Inverno
Cimbelino
Megera domada
A Tempestade
Como Gostais
Tudo está bem quando acaba bem
As alegres comadres de Windsor
Os trabalhos de amores perdidos
Péricles

Tragédias
Tito Andrônico
Romeu e Julieta
Júlio César
Macbeth
Antônio e Cleópatra
Coriolano
Timão de Atenas
Rei Lear
Otelo
Hamlet
Tróilo e Créssida

Dramas Históricos
Rei João
Ricardo II
Ricardo III
Henrique IV, Parte 1
Henrique IV, Parte 2
Henrique V
Henrique VI, Parte 1
Henrique VI, Parte 2
Henrique VI, Parte 3
Henrique VIII

sexta-feira, novembro 03, 2006


Clarice Lispector



Nasceu na Ucrânia, numa aldeia de nome complicado: Tchetchenillk, no ano de 1925. Os Lispector emigraram da Rússia para o Brasil no ano seguinte, e Clarice nunca mais voltou á pequena aldeia. Fixaram-se em Recife, onde a escritora passou a infância.

Clarice tinha 12 anos e já era órfã de mãe quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Entre muitas leituras, ingressou no curso de direito, formou-se e começou a colaborar em jornais cariocas. Casou-se com um colega de faculdade em 1943. No ano seguinte publicava sua primeira obra: Perto do coração selvagem.

A moça de 19 anos assistiu à perplexidade nos leitores e na crítica: quem era aquela jovem que escrevia "tão diferente"? Seguindo o marido, diplomata de carreira, viveu fora do Brasil por quinze anos. Dedicava-se exclusivamente a escrever. Separada do marido e de volta ao Brasil, passou a morar no Rio de Janeiro.

Em 1976 foi convidada para representar o Brasil no Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia. Claro que aceitou: afinal, sempre fora mística, supersticiosa, curiosa a respeito do sobrenatural. Em novembro de 1977 soube que sofria de câncer generalizado. No mês seguinte, na véspera de seu aniversário, morria em plena atividade literária e gozando do prestígio de ser uma das mais importantes vozes da literatura brasileira.

O objetivo de Clarice, em suas obras, é o de atingir as regiões mais profundas da mente das personagens para aí sondar complexos mecanismos psicológicos. É essa procura que determina as características especificas de seu estilo.

O enredo tem importância secundária. As ações - quando ocorrem - destinam-se a ilustrar características psicológicas das personagens. São comuns em Clarice histórias sem começo, meio ou fim. Por isso, ela se dizia, mais que uma escritora, uma "sentidora", porque registrava em palavras aquilo que sentia. Mais que histórias, seus livros apresentam impressões. Predomina em suas obras o tempo psicológico, visto que o narrador segue o fluxo do pensamento das personagens. Logo, o enredo pode fragmentar-se. O espaço exterior também tem importância secundária, uma vez que a narrativa concentra-se no espaço mental das personagens.

Características físicas das personagens ficam em segundo plano. Muitas personagens não apresentam sequer nome. As personagens criadas por Clarice Lispector descobrem-se num mundo absurdo; esta descoberta dá-se normalmente diante de um fato inusitado - pelo menos inusitado para a personagem. Esse fato provoca um desequilíbrio interior que mudará a vida da personagem para sempre.

Para Clarice, "Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados". "Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas". "Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."



"O que te escrevo não tem começo: é uma continuação. Das palavras deste canto que é meu e teu, evola-se um halo que transcende as frases, você sente? Minha experiência vem de que eu já consegui pintar o halo das coisas. O halo é mais importante que as coisas e as palavras. O halo é vertiginoso. Finco a palavra no vazio descampado: é uma palavra como fino bloco monolítico que projeta sombra. E é trombeta que anuncia".