Além da Letra

"Cada enunciado é um elo de uma cadeia muito complexa de outros enunciados" Mickail Bakhtin

terça-feira, outubro 31, 2006

Patologia-Normal-Anormal-Inclusão-Exclusão





Patologia

Philippe Pinel publica o tratado Médico-filosófico sobre alienação ou mania (1801), onde descreve uma nova especialidade médica, a psiquiatria (1847), apontando o homem com distúrbio mental, incapaz de exercer a cidadania.

A doença mental para ser abordada, deve-se considerá-la como produtos da interação das condições de vida social com trajetória específica do indivíduo e sua estrutura psíquica. Assim podem ser entendidas como determinantes ou desencadeantes da doença mental: a poluição sonora e visual intensas, condições de trabalho estressantes, trânsito caótico, índice de criminalidade, excesso de apelo ao consumo, perda de um ente querido, etc.

A psicanálise, segundo Freud, diz que os indivíduos normais e anormais existem com a mesma estrutura de personalidade e de conteúdos que, se mais ou menos ativadas, são responsáveis pelos distúrbios no indivíduo e definiu os quadros clínicos como: Neurose - distúrbios do comportamento, das idéias e dos sentimentos e Psicose - perturbação intensa do indivíduo na relação com a realidade.


No filme Estamira, uma mulher que vive em situação precária no lixão de Caxias, e que conseguiu adaptar-se, sofre de esquizofrenia. Tem momentos de lucidez e de normalidade.




Normal ou Patológico – Anormal

O conceito de normal e patológico é relativo, do ponto de vista cultural, o que numa sociedade é considerado normal, adequado e aceito em outro momento histórico é considerado patológico-anormal. O conceito então, de normalidade acaba por desvelar o poder que a ciência tem de, a partir do diagnóstico fornecido por um especialista, formular o destino do indivíduo rotulado. Michel Foucault, em seu livro Doença Mental e Psicologia diz que “a doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal”.








Inclusão

Sempre existiu violência como forma de tratamento para lidar com a doença mental. O doente mental necessita de ajuda terapêutica, no sentido de suporte e facilitação da compreensão dos conteúdos internos que lhe causam transtorno, levando-o a uma reorganização pessoal quanto a valores, projetos de vida, aprender a conviver com perdas, frustrações e a descobrir outras fontes de gratificação na relação com o mundo.

O indivíduo consegue lidar com suas aflições encontrando modos de produção que canalizam este mal-estar de forma produtiva e criativa.

Alguns pacientes que precisam regressar aos seus lares, se deparam com os familiares, agora estranhos, pois ficaram muito tempo afastados. Sendo assim, a família deveria participar e não abandoná-los, mas muitas desistem e são pobres, não podendo cuidar deles e os hospitais funcionam como “proteção”.

“Algumas reuniões do grupo AA (Alcoólatras Anônimos) eram realizadas dentro de um Hospício, onde um amigo participava. Numa das reuniões, um membro desse grupo solicitou que fosse reservado um local dentro do hospital, fora da rotina dos “doentes”, para a realização das mesmas, porém esse amigo se manifestou contra e disse que todos deveriam permanecer juntos, não deveria excluí-los. Para a grande surpresa de todos, um dos internos disse que quando saía dali encontrava desajustes, hipocrisia, muitos envolvidos em guerras e políticas erradas , e que dentro do hospital ele se sentia bem e que era o verdadeiro seu lar”.

Como representado no Filme Bicho de Sete Cabeças, o pai interna o filho no manicômio por conta de intolerância e incompreensão, muito mais do que por alguma patologia e lá ele toma choques elétricos e é medicamentado sem necessidade e isolado em quarto escuro, provocando posterior distúrbio no filho que antes nada tinha. Também denuncia que pessoas são mantidas nos manicômios para que a verba destinada ao tratamento seja maior. Está mais relacionado com o valor econômico do que com o valor terapêutico e social.

E também trabalhado o tema inclusão no filme Um Estranho no Ninho, um prisioneiro simula estar insano para não trabalhar e lá se depara com regras e restrições. A liberdade que queria estava condicionada a constituição do hospício. A rotina era monótona e todos os pacientes eram submetidos. As punições eram feitas com choques elétricos.

A partir de 1946 surge uma nova idéia de tratamento das doenças mentais, através do trabalho de Nise da Silveira, médica alagoana que cria a seção de Terapêutica Ocupacional, hoje Instituto Municipal Nise da Silveira, com ateliês para pintura, modelagens e que em 1952 deu origem ao Museu de Imagens do Inconsciente. Pioneira na arte como recurso terapêutico, utilizava os gatos como seus co-terapeutas, estabelecendo ponte afetiva com os pacientes.

As imagens produzidas no ateliê levantam questões e interrogações que não encontram resposta na formação psiquiátrica acadêmica. Essas questões impulsionaram a Drª. Nise para a busca de conhecimento e aprofundamento dos processos que eram do interior daqueles indivíduos, revelados através de imagem e símbolo.

A pintura permite detectar, mesmo nos casos mais graves, movimentos instintivos das forças auto-curativas da psique, buscando diferentes caminhos. A experiência demonstra que a pintura pode ser utilizada pelo doente como um verdadeiro instrumento para reorganizar a ordem interna.

Diz Mario Pedrosa: “Com efeito, se foi reunindo ao acaso todo um grupo de enfermos-esquizofrênicos tirados dos pátios do hospício para a seção de terapêutica ocupacional, desta para o ateliê, do ateliê para o convívio, onde passou a gerar-se o afeto e o afeto estimula a criatividade”.

“Hoje, apesar de ainda existirem hospitais psiquiátricos, avanços ocorreram e a internação já não é mais a tônica nos tratamentos das psicoses. Clientes psiquiátricos conquistaram maior liberdade de ir e vir e o direito por sua inclusão social”.

É nesse contexto que os ateliês do Museu se inserem atualmente. Os clientes atendidos, na sua maioria internos, já não vivem mais sob as tenazes de uma psiquiatria alucinante e cronificante. Num ambiente de aceitação e afeto, confrontam-se com seus conteúdos internos através de expressões criativas livres e fortalecendo-se para a auto-cura.

Franco Basaglia, psiquiatra italiano fundou o Movimento da Psiquiatria Democrática com a extinção dos manicômios e criando formas novas para cuidar dos pacientes. Foram criadas oficinas de trabalho para geração de renda dos ex-internos, cooperativas de trabalhos e diversos projetos culturais de inserção social.




Exclusão

Assim como a loucura, outras situações levaram e ainda levam a exclusão social, como por exemplo a hanseníase, síndrome de down, racismo e etc.

Numa entrevista à revista Época, a atriz Regina Duarte fala sobre a inclusão escolar das
crianças com Síndrome de Down: “ A inclusão deve ser total, não só na escola. Mas um apoio extracurricular é indispensável. O importante é entender que a vida é feita de matizes, que há vários ritmos. Aprender a lidar com as diferenças é o desafio da democracia. Não dá para isolar ninguém. Claro que segregar é mais cômodo. A estrada da inclusão implica ter de dar o braço a torcer, aprender com o outro, com os dilemas e os desafios da diversidade”. As pessoas que nascem com a trissomia 21 não são doentes, elas têm SD ou são Down.

A questão da exclusão é o pré-conceito. Helena Werneck, mãe de uma adolescente com síndrome, também na mesma entrevista, relata que saiu quase aos prantos de uma pracinha há quase 20 anos, porque as mães olhavam para ela e sua filha bebê, no carrinho, como se fossem marcianas. Ela já viu quase tudo em relação a discriminação, preconceito e falta de recursos mentais da sociedade para enfrentar com naturalidade as diferenças entre as pessoas.

Antigamente as crianças com síndromes eram abandonadas em sanatórios e ficavam retardadas.


A mãe de uma criança com síndrome disse “normal é ser diferente”, como diz Caetano Veloso, de perto, ninguém é normal.

Nas escolas vemos a existência do pré-conceito racial e de classe. E temos o seguinte comentário de um aluno de 14 anos: “Que a carência e a cor da pele de uma criança não sejam tão importantes quanto o brilho dos seus olhos”.

“Outro caso de exclusão fundamental de ser relatado, foi o de um menino de apenas sete anos de idade, com seus pais separados, “visitava” o pai rico em São Paulo nos finais de semana,e regressando ao lar não encontrava sua mãe que havia viajado com o namorado para o Caribe, retornando duas semanas depois. Ele era criado pelos empregados e excluído de sua família”.

Uma jovem foi encontrada morta. Motivo: overdose. Deixou o seguinte bilhete a seus pais:- vocês me deram os presentes mais invejados, as escolas mais famosas e estavam sempre “ocupados” trabalhando, porém eu desejava apenas um pouco de amor e atenção.



E x c l u i r n ã o


No Brasil, o processo da substituição da internação psiquiátrica é iniciado em 1984, com a criação de Núcleos de Atenção Psicossocial (Nanps) e centro de atenção Psicossocial (Caps).Oferecem cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar.




O dia 18 de maio foi criado como o dia Nacional de Luta Antimanicomial




PENSAR NO HOMEM COMO TOTALIDADE, SER BIOLÓGICO, PSICOLÓGICO E SOCIOLÁGICO E TER BEM ESTAR EM TODAS AS ÁREAS.



“Saúde mental” é, além de uma questão psicológica, uma questão política e que interessa a todos que estão comprometidos com a vida.






Glossário:

Normal: Conforme à norma. Habitual.
Anormal: Que está fora de norma ou padrão, contrário às regras, anômalo(irregularidade).
Patologia: Ramo da medicina que se ocupa da natureza das modificações produzidas pela doença no organismo.
Inclusão: Fazer parte, estar incluído e/ou compreendido, inserido, introduzido.
Exclusão: Ser incompatível, abandonado, eliminado.


Bibliografia:

AQUINO,Ruth. Normal é ser diferente. In: Revista Época, nº 435, setembro de 2006, Rio de Janeiro, Globo.
BENCINI, Roberta. A Questão Racial na Escola. In: Revista Nova Escola, nº 177, novembro de 2004, Rio de Janeiro, Abril.
CAMPOS, Rose. Pelo direito de Inclusão. In: Revista Viver Psicologia, n 137, junho de 2004, São Paulo, Duetto Editorial.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.Minidicionário da Língua Portuguesa, Nova Fronteira,1999.
BOCK, Ana Mercês Bahia,FURTADO, Odair & TEXEIRINHA, Maria de Lourdes.Saúde ou doença Mental: a questão da Normalidade. In: Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia.São Paulo, Moderna, 1999.

Filmes: Estamira,Brasil, 2006.
Um Estranho no Ninho,1975.
Bicho de Sete Cabeças, no Brasil,2000.

Sites: www.museuimagensdoinconsciente.org.br
www.ccs.saude.gov.br
www.menteecerebro.com.br


Um dos trabalhos mais bem elaborados e interessantes que eu já fiz.
Entrou em mim e saiu assim!!!







“A Lei nº 10216 de 6 de abril de 2001, que redireciona o modelo assistencial em saúde mental , assegura os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, sem qualquer forma de discriminação, reconhece a responsabilidade do Estado para com a assistência aos portadores de transtornos mentais e extingue progressivamente os manicômios no Brasil”

sábado, outubro 28, 2006

Alguns homens:

“Cérebro rico de teses e mãos vazias de feitos”

Divaldo Franco


sexta-feira, outubro 27, 2006

" Penso, Logo existo"
Descartes

quinta-feira, outubro 26, 2006

Amor e Verdade
Há duas qualidades básicas que são a essência de todas as outras:
amor e verdade. O amor baseado no apego causa sofrimento quando a
separação acontece. Porém o amor sem egoímo, que não é misturado com o
sentimento de eu e meu, espalha luz. Assim como a luz se espalha para
todos os lados, o amor divino vai para todas as pessoas. O poder para
amar a todos vem da verdade. A verdade eleva a consciência a tal ní­vel
que a pessoa não é afetada pelos ataques dos outros, sejam elas
certas ou erradas.
O porco não é porco.

Porco é o dono do porco que faz o porco viver como um porco”.

“ Autor desconhecido ”

quarta-feira, outubro 25, 2006

Filme: Mentes Perigosas

LouAnne abandona a carreira militar e aceita o cargo de professora de Inglês, seu sonho. A diretora lhe oferece um ótimo salário. Anteriormente, vários professores não se adaptaram.
Na primeira aula, sente-se incapaz de controlar a turma, que é indisciplinada, resolve procurar a ajuda de seu amigo professor, e diz que não consegue ensiná-los, ele sugere que procure captar a atenção dos educandos.
Pesquisa vários manuais, com o objetivo de encontrar estratégias que lhe permitam lidar com o problema da indisciplina. Todavia adota as suas próprias medidas. Diz aos alunos que é fuzileira e usa a estratégia de instruí-los sobre Karatê. Continua a aula dizendo que todos os alunos partem da nota máxima, e a “única” coisa que têm de fazer, é esforçarem-se para a manter. Na aula seguinte, pensando que já tinha conseguido conquistar a atenção, o respeito e o interesse dos alunos, tenta iniciar um estudo, mas não consegue.
Em sua próxima aula inicia com um tema controverso, a morte. O diretor lhe chama a atenção porque os temas que vem abordando nas aulas são contrários à política da escola e ao programa.
Aos poucos ela começa a ensinar poesia, não de um poeta que faz parte do programa, mas de um músico e compositor que lhes é familiar. Recorre constantemente a recompensas (passeios, jantares) e consegue transmitir conhecimentos e ganhar a confiança de todos.
Vai à casa dos alunos, tenta compreendê-los e ajudá-los a resolver problemas e a superar obstáculos. Percebe que a indisciplina dentro da sala de aula está fortemente relacionada com a origem social dos seus alunos que são provenientes de classes socio-economicamente desfavorecidas, a diversidade cultural é muito grande.Os alunos se consideram como problemáticos e inferiores, sentem-se incapazes de vencer o insucesso escolar.
No entanto a educadora começa a promover nos seus alunos o desenvolvimento de autoconfiança, interesse e motivação. Eles adquirem diferentes comportamentos, são incentivados a aprender pelo prazer de aprender. Deixa de haver recompensas materiais como forma de “pagamento” pelo processo de aprendizagem - “Saber aprender é o prêmio”. Ela sugere que os seus alunos sintam a aquisição de conhecimentos como uma arma intelectual, que pode ser utilizada durante a vida, que os prepara para vencer obstáculos futuros.
Ela decide deixar de lecionar pois tem o sentimento de incapacidade diante dos problemas com que foi confrontada, inclusive a morte de um dos seus alunos. Eles não aceitam sua decisão, tentam modificá-la, utilizam argumentos idênticos aos que ela usou para os conquistar: ela não pode desistir, deve continuar a lutar por aquilo que realmente quer. Ela é como uma luz que os conduzirá ao sucesso. Então a educadora emociona-se com o discurso e decide ficar para continuar a lutar. Em todos os momentos ela confronta-os com a palavra escolher . Na vida há sempre várias alternativas à escolha, que podem ter conseqüências positivas ou negativas, mas há sempre uma escolha a fazer. O filme aborda a problemática da multiculturalidade étnica, a origem e integração social dos alunos, a formação e a indisciplina no contexto escolar.
“Se existe a possibilidade de algo dar errado, isto certamente ocorrerá. Sempre na ocasião mais inconveniente e quase sempre quando não puder mais ser corrigido”

Lei de Murphy
Dificuldades, se existem, não estão na expressão, isto é, na enunciação do pensamentos por gestos ou palavras escritas ou faladas, mas na mente de quem as cria. O homem é que é a medida das coisas: nada é apenas real, tudo é mental, principalmente. A vida toda é um desafio que exige coragem, decisão, adaptação e aperfeiçoamento constantes e pela seleção natural, só os mais aptos sobrevivem"
Tênis x Frescobol
Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: ‘Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: ‘Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?\' Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.’
Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ‘Eu te amo, eu te amo...’ Barthes advertia: ‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo\' não quer dizer mais nada.’ É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética.
Recordo a sabedoria de Adélia Prado: ‘Erótica é a alma.’
O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...
A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá...
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:‘Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: ‘Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo\'. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: ‘Tens razão, minha querida\'. A situação está salva e o ódio vai aumentando.’
Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...
Rubem Alves

segunda-feira, outubro 23, 2006

Homero






Homero (gr. Ὅμηρος) foi o primeiro grande poeta grego que teria vivido há cerca de 3500 anos, consagrou o género épico com as suas grandiosas obras: A Ilíada e a Odisséia; e, além destas, mas sem respaldo histórico ou literário, são a ele atribuídas as obras Margites, poema cômico a respeito de um herói trapalhão; a Batracomiomaquia, paródia burlesca da Ilíada que relata uma guerra fantástica entre ratos e rãs, e os Hinos homéricos.
Nada se sabe seguramente da sua existência; mas a crítica moderna inclina-se a crer que ele terá vivido no século VIII a.C., embora sem poder indicar onde nasceu nem confirmar a sua pobreza, cegueira e afã de viajante, caracteres que tradicionalmente lhe têm sido atribuídos.
A opinião predominante ao longo dos séculos afirma a unidade das duas obras épicas, embora admita que talvez tenham sido elaboradas através de um fundo original primitivo.
No século XVIII foi levantada pela primeira vez pelos eruditos a questão homérica, contrapondo à opinião tradicional a negação da existência de Homero e a afirmação de que as duas epopéias não passam de conglomerados de composições anteriores. A questão ainda não se pode considerar totalmente resolvida.
Ilídea Foto

domingo, outubro 22, 2006

Cuide-se bem
Guilherme Arantes


Cuide-se bem.
Perigo há por toda parte.
E é bem delicado viver.
De uma forma ou de outra.
É uma arte como tudo.
Cuide-se bem.
Tem mil surpresas à espreita.
Em cada esquina mal iluminada.
Em cada rua estreita.
Em cada rua estreita do mundo.
Pra nunca perder esse riso largo.
E simpatia estampada no rosto.
Pra nunca perder esse riso largo.
E essa simpatia estampda no rosto.
Cuide-se bem.
Eu quero te ver com saúde.
E sempre de bom humaor.
E de boa vontade.
E boa vontade com tudo.
É preciso coragem para ser Autêntico!!!
Não há nenhum erro ou equívoco que não possa ser corrigido.
Ps: Bezerra de Menezes
Dura lex, sed lex.
A lei é dura, mas se cumpre.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Ad Jacta Est



A Sorte está Lançada

segunda-feira, outubro 16, 2006

" Além da Letra "


Quando pequena, eu tinha dificuldades em compreender um texto. A leitura em classe, era para mim um desafio. A prova final da quarta série foi um texto lido em voz alta e do sucesso dependeria o ingresso para a tão almejada quinta série. Tentei ler alguns textos em casa, mas foi um desastre. No momento da prova, a professora Ana Maria acreditou em minha capacidade, passando uma enorme tranqüilidade e então, consegui ler o texto e conclui o ano letivo com nota azul em português.

Semana passada, conversando com um amigo sobre a dificuldade que tenho de ler em público, descobri que ela se chama “orgulho” , porque não gosto de errar. Mas um jornalista, que é uma pessoa bem preparada, quando erra, pede perdão e continua.

No último ano do segundo grau, participei de um evento no colégio, que avaliava os melhores poemas. Dos alunos de minha classe, fui a escolhida e fiquei em sétima colocação na avaliação geral do colégio, acrescentando em meu currículo escolar a motivação para explorar esse lado. Agora na faculdade, as aulas de Língua Portuguesa estão enriquecendo meu conhecimento, pois a análise dos textos com espírito crítico ajuda perceber além da letra, entendendo cada parágrafo, possibilitando a compreensão da cadeia de informação.

A leitura me proporciona um melhor conhecimento de mundo. Ler e re-ler sempre para entender, conseqüentemente ajuda-me na escrita.


""Almas Perfumadas""


"Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta.De sol quando acorda.De flor quando ri.Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça.Lambuzando o queixo de sorvete.Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher.O tempo é outro.E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo.Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso.Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra.Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza.Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria.Recebendo um buquê de carinhos.Abraçando um filhote de urso panda.Tocando com os olhos os olhos da paz.Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença soprano nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa.Do brinquedo q a gente não largava.Do acalanto q o silêncio canta.De passeio no jardim.Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move.Não passa só pelo corpo.Corre em outras veias.Pulsa em outro lugar.Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está conosco, juntinho ao nosso lado.E a gente ri grande que nem menino arteiro.

Tem gente como você que nem percebe como tem a alma Perfumada!E que esse perfume é dom de Deus!!!"

Carlos Drummond de Andrade

"Tem gente assim como você, mesmo ausente...permanece presente..."

Doce Melzinho

O corpo é o espelho da mente

A medicina se rende a práticas antes consideradas alternativas.
Está provado que meditação, ioga e técnicas de relaxamento previnem e ajudam a curar doenças

Anna Paula Buchalla

Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo, cantava Walter Franco nos anos 70, no que era uma síntese do modo de vida hippie. Hoje, esses versos caberiam num relatório médico. Pesquisas recentes dão respaldo científico a uma crença que, divulgada no Ocidente pelo pessoal do paz-e-amor, está na base de filosofias orientais milenares – a de que uma mente apaziguada ajuda a prevenir doenças, acelera a recuperação física e até cura. O contrário também se revelou verdadeiro. Pensamentos e sentimentos negativos contribuem para o surgimento de moléstias e atrapalham o restabelecimento de um doente. Rancor, hostilidade, ressentimento e angústia podem estar na origem de distúrbios cardíacos, hipertensão, depressão, ansiedade, insônia, enxaqueca e infertilidade. Além disso, o peso dos sentimentos ruins debilita o sistema imunológico, fazendo com que o organismo se torne um alvo fácil de infecções, alergias e doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide. A partir dessa constatação, os pesquisadores resolveram examinar a fundo métodos de aprimoramento mental que, há pouco mais de duas décadas, vinham embalados numa aura de puro misticismo. Ioga, meditação e relaxamento viraram objeto de inúmeros estudos a respeito de sua eficácia terapêutica. As conclusões, até o momento, são bastante positivas. "Depois de analisarmos com rigor o alcance dessas técnicas, passamos a utilizar tais métodos como linha auxiliar de alguns tratamentos", diz o psicólogo José Roberto Leite, coordenador da unidade de medicina comportamental da Universidade Federal de São Paulo.

Um dos maiores investigadores do poder da mente sobre a saúde é o cardiologista americano Herbert Benson, da Universidade Harvard, autor do livro Medicina Espiritual (veja quadro). Pesquisas conduzidas por ele mostram que, em média, 60% das consultas médicas poderiam ser evitadas, caso as pessoas usassem sua capacidade mental para combater naturalmente tensões que são causadoras de problemas físicos. A meditação, demonstra Benson, figura entre as maneiras mais efetivas de fortalecer a mente. Meditar, no caso, não significa pensar detidamente sobre um determinado assunto ou aspecto da vida. Quer dizer justamente o contrário: não pensar em nada durante uma certa parte do dia. É dessa forma, esvaziando a mente das atribulações cotidianas, que os monges budistas tentam atingir o nirvana – aquele estado de absoluta suspensão do ego através do qual se consegue escapar das aflições que costumam tumultuar o cérebro da maioria das pessoas, prejudicando sua saúde. Para os seguidores de Buda, esse é o supra-sumo do conhecimento e da felicidade.

É evidente que não se pretende que uma pessoa comum, que só teve contato com Buda por referências vagas, chegue ao nirvana ou algo que o valha. Mas, ainda que os limites da meditação sejam estreitos para quem está longe de ser um lama tibetano, eles são suficientes para fazer diferença. Num de seus estudos, Benson acompanhou durante cinco anos pacientes que aprenderam a meditar, para tentar controlar doenças coronárias crônicas e outros problemas. Ele notou que os que meditavam de maneira disciplinada, todos os dias, tiveram taxas de recuperação superiores às do grupo de doentes que não levavam a sério a prescrição. O médico americano também verificou que, graças à técnica, metade dos homens com baixo número de espermatozóides por efeito de stress havia melhorado sua produção. Outro dado impressionante é que quase 50% das mulheres com infertilidade associada a dificuldades psicológicas conseguiram engravidar.

Não há nada de transcendental nisso. Usando imagens de ressonância magnética funcional, associadas a um aparelho de eletroencefalograma, uma equipe da Universidade de Wisconsin-Madison comprovou que a meditação produz efeitos concretos no cérebro. Nesse estudo, os pacientes foram divididos em dois grupos: o primeiro praticou-a uma hora por dia, seis dias por semana, ao longo de dois meses. O segundo não meditou. A atividade no cérebro das pessoas de cada grupo foi medida e comparada. Os dados mostraram que, entre os que meditavam, houve um aumento na ativação do córtex pré-frontal esquerdo, a área que concentra as emoções positivas. Os pesquisadores também testaram se o pessoal da meditação teve a função imunológica melhorada. Para chegar a uma resposta, os integrantes de ambos os grupos tomaram vacina contra gripe. De quatro a oito semanas depois da administração da vacina, os participantes do estudo fizeram exames de sangue para medir o nível de anticorpos que produziram contra a vacina. No grupo da meditação, houve um aumento mais significativo. A equipe de Wisconsin agora está usando um novo equipamento de diagnóstico por imagem, o DTI, para saber como a técnica é capaz de agir especificamente sobre determinados circuitos cerebrais.

Os resultados obtidos pelas pesquisas serviram como chancela para que a meditação entrasse para o cardápio dos serviços ambulatoriais e hospitalares. No Columbia Presbyterian Medical Center, um dos maiores hospitais de Nova York, ela é oferecida aos pacientes como terapia complementar, para reduzir a dor e a ansiedade antes de cirurgias cardíacas. Para facilitar o processo, o hospital vende aos interessados uma fita de noventa minutos em que, sobre suave fundo de música new age, uma voz macia convida o ouvinte a evocar um lugar em que ele se sinta feliz. O menu do Columbia Presbyterian inclui, ainda, ioga e massagem. No Brasil, também há hospitais que lançam mão da meditação. Um deles é o Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. Há três anos e meio, a instituição incluiu a meditação em terapias pré e pós-cirúrgicas e no tratamento de hipertensos e de pacientes com quadros de dor crônica. Hoje, 300 pessoas por mês utilizam o serviço. No hospital da Universidade Federal de São Paulo, a meditação é indicada para quem sofre de fibromialgia e dores lombares persistentes, assim como para pacientes com quadros fóbicos e transtornos obsessivo-compulsivos. "Está em estudo a possibilidade de estender a meditação aos nossos pacientes internados", diz o psicólogo José Roberto Leite.

A ioga, uma prática de origem indiana vinculada a um sistema filosófico-religioso, começou a ser praticada nos países ocidentais no final da década de 60. No início, era coisa de gente que buscava no esoterismo oriental uma forma de escapar ao materialismo capitalista. Aquela história de sociedade alternativa e por aí vai, como deve lembrar o leitor que já passou dos 40 anos. Depois, a ioga foi relegada a um certo ostracismo, de onde ressurgiu na década de 90 como uma forma de ginástica para pessoas que, integradíssimas ao materialismo capitalista, queriam apenas tonificar e alongar os músculos. Hoje, o que ocorre é o inverso do que se dava há trinta anos: muitos que escolheram praticar ioga como exercício físico vêm descobrindo que se trata de uma ótima forma de aprimorar-se mentalmente. Calcula-se que haja no Brasil 5 milhões de iogues. De duas a três vezes por semana, eles se torcem e retorcem, sentam-se na posição de lótus, controlam a respiração e, ao final das sessões, entoam mantras (a repetição em voz alta de palavras ou sons que ajudam o sujeito a meditar), antes de se despedir com um sonoro Namastê, saudação que significa "o que há de divino em mim reverencia o que há de divino em você". Bonito, não? Pois é, tudo isso dá uma calma danada, dizem os praticantes. A ioga disseminou-se de tal forma que, nos Estados Unidos, ela é aconselhada até para bebês. Segundo a psicóloga DeAnsin Parker, autora de um recente livro sobre o assunto, bebês que são colocados por suas mães em determinadas posições de ioga têm estimulados os sistemas circulatório e digestivo. Ah, sim, eles acabam dormindo melhor também.

Foi a demanda pela prática indiana que despertou nos pesquisadores o interesse em checar quais são exatamente os benefícios que a ioga traz. Descobriram que ela ajuda a diminuir o ritmo cardíaco, a regular o funcionamento do sistema respiratório, a reduzir a pressão sanguínea e os níveis de colesterol. Isso porque seus exercícios físico-mentais ativam a parte do sistema nervoso responsável pelo relaxamento. Ou seja, fazem um bem enorme para o coração e, não menos importante, para o que se convencionou chamar de alma – ansiosos e deprimidos encontram alívio em seus sintomas. Para não falar daquele efeito mais visível que é o de melhorar a postura, minorando as dores causadas por desvios de coluna. Os pesquisadores verificaram que a ioga pode ser de grande valia no tratamento de mulheres na pós-menopausa. Ao auxiliar no equilíbrio da produção hormonal, diminui as alterações de humor tão típicas dessa fase da vida. Comprovou-se, por fim, que a ioga faz uma espécie de massagem no sistema linfático, responsável pelo transporte das células de defesa do corpo e pela limpeza dos dejetos produzidos pela atividade celular e outras impurezas. Com isso, fortalece o sistema imunológico e mantém o interior do organismo livre de agentes patogênicos.

Métodos como o tai chi chuan, de origem chinesa, e o relaxamento profundo também ganham adeptos entre aqueles que acreditam que, para ter saúde, é preciso ter uma boa cabeça. O tai chi chuan, que é basicamente uma seqüência de movimentos realizados lenta e suavemente, trabalha com a concentração, o equilíbrio e a coordenação motora. É indicado especialmente para quem tem mais de 60 anos, já que não força as articulações. Entre as diversas técnicas de relaxamento, a que mais agrada aos médicos é a que foi desenvolvida na década de 30 por Edmund Jacobson, um fisiologista de Harvard. Ela abrange cerca de trinta grupos musculares e utiliza principalmente a respiração. Quando inspiram, seus praticantes tensionam os músculos. Ao expirar, eles os relaxam. Essa alternância faz com que o cérebro produza mais serotonina, o neurotransmissor que propicia a sensação de bem-estar. Um estudo realizado pelo psicólogo Luiz Paulo Marques, no Hospital das Clínicas de São Paulo, avaliou os efeitos desse tipo de relaxamento sobre mulheres vítimas de fibromialgia, um tipo de dor crônica muito associado a disfunções psíquicas. Os resultados foram surpreendentemente bons: as participantes relataram uma melhora da ordem de quase 90%.

O célebre provérbio "mens sana in corpore sano" (mente sã em corpo são), creditado ao poeta latino Juvenal, do início da era cristã, resumia limpidamente uma convicção dos médicos da Antiguidade – a de que havia uma estreita ligação entre pensamentos e emoções e saúde orgânica. Tal noção perdeu força no Ocidente no século XVII, com o surgimento do racionalismo exacerbado, que separou a mente do corpo. O que os médicos atuais fazem é recuperar essa antiga percepção. Pouca gente sabe que a frase inteira de Juvenal é, na verdade, "deve-se rezar para ter mente sã em corpo são". Esse detalhe ganha relevância porque os cientistas se mostram agora muito interessados em saber qual é o impacto da fé na atividade mental. Um dos mais famosos estudos sobre o assunto é de autoria do radiologista Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia. Ele demonstrou que o transe religioso interfere no funcionamento de certas estruturas cerebrais. Para chegar a essa conclusão, Newberg monitorou, através de tomografias computadorizadas e uso de contraste, o momento exato em que monges budistas e freiras católicas mostravam estar em contato com o que consideravam uma esfera divina – eles, por intermédio da mais profunda meditação; elas, por meio de fervorosas orações. O pesquisador notou uma desativação quase total da área do cérebro responsável pelo senso de orientação. Isso resulta na sensação prazerosa de que se está desligando do corpo físico. O desligamento cerebral captado por Newberg é a prova material do que mais próximo existe do nirvana budista, do qual já se falou, e dos êxtases de que a literatura católica é repleta.

Do ponto de vista médico, uma das grandes vantagens das técnicas que trabalham a mente é que não há contra-indicação. "Mas é importante deixar claro que nenhum especialista sério minimizaria a importância dos remédios", diz o cardiologista Herbert Benson. Segundo ele, a longevidade e o bem-estar das pessoas estão baseados num tripé: remédios (não há substituto para a penicilina, por exemplo), cirurgias (a única saída para uma grande quantidade de problemas) e os cuidados pessoais (que incluem exercícios para o corpo e para a mente). Ou seja, a medicina preventiva agora prescreve não só dieta e ginástica, como também o cultivo das emoções e dos pensamentos positivos. Namastê.

sexta-feira, outubro 06, 2006

DIÁRIO DE UMA CRIANÇA POR NASCER

5 DE OUTUBRO: Hoje começou minha vida. Meus pais ainda não sabem disso, mas já existo. E vou ser menina. Terei cabelos louros e olhos azuis. Quase tudo já está fixado, até mesmo que irei gostar muito de flores.

19 DE OUTUBRO: Alguns afirmam que não sou ainda uma pessoa real, que apenas minha mãe existe. Mas sou uma pessoa real, assim como uma migalhinha de pão ainda é realmente pão. Minha mãe é. E eu também sou.

23 DE OUTUBRO: Minha boca está começando agora a se abrir. Imagine só, dentro de cerca de um ano estarei sorrindo e, depois, falando. Sei qual será minha primeira palavra: MAMÃ.

25 DE OUTUBRO: Meu coração começou hoje a bater por si mesmo. De agora em diante, baterá suavemente pelo resto de minha vida, sem jamais parar para descansar! E, depois de muitos anos, ele se cansará. Parará, e então morrerei.

2 DE NOVEMBRO: Estou crescendo um pouco cada dia. Meus braços e minhas pernas começam a tomar forma. Mas tenho de esperar ainda bastante tempo antes de estas perninhas me erguerem até os braços da mamãe, antes que estes bracinhos possam colher flores e abraçar o papai.

12 DE NOVEMBRO: Pequeninos dedos começam a formar-se em minhas mãos. É engraçado como são pequenininhos! Poderei tocar com eles nos cabelos de mamãe. 20 DE NOVEMBRO: Foi somente hoje que o médico contou à mamãe que estou vivendo aqui, sob o coração dela. Oh, quão feliz ela deve estar! Sente-se feliz, mamãe?

25 DE NOVEMBRO: Mamãe e papai devem estar provavelmente pensando num nome para mim. Mas eles nem sequer sabem que sou uma menininha. Desejo que me chamem de Mariazinha. Já estou ficando tão grandinha!

10 DE DEZEMBRO: Meus cabelos estão crescendo. São macios, claros e brilhantes. Fico imaginando que tipo de cabelos mamãe tem.

13 DE DEZEMBRO: Estou quase prestes a poder ver. Tudo é escuro em volta de mim. Quando mamãe me trouxer ao mundo, ele será cheio de sol e de flores. Mas o que mais desejo é ver minha mamãe. Qual é sua aparência, mãezinha?

24 DE DEZEMBRO: Fico imaginando se mamãe ouve o sussurro do meu coração. Algumas crianças chegam ao mundo um pouco doentes. Mas meu coração é forte e saudável. Ele bate tão ritmicamente: toc-toc, toc-toc. A senhora terá uma filhinha saudável, mãezinha!

28 DE DEZEMBRO: Hoje minha mãe me matou.


- De Autoria Anônima



''Nenhuma rachadura é pequena demais numa fortaleza.''

Nite,Filósofo alemao escreveu certa vez:''Aquilo que nao nos mata,nos torna mais fortes'';más se ofertado as garras da morte antes mesmo de respirar é covardia e crueldade demais.


http://www.abominavelaborto.hpg.ig.com.br/saude/11/index_int_6.html







Cabala

Cabala (também Kabbalah, Qabbala, cabbala, cabbalah, kabala, kabalah, kabbala) é um sistema religioso filosófico que reivindica o discernimento da natureza divina.


Kabbalah (קבלה QBLH) é uma palavra em hebreu que significa recepção.



A "Cabala" é uma doutrina esotérica que diz respeito a Deus e o Universo, sendo afirmado que nos chegou como uma revelação para eleger santos de um passado remoto, e preservada apenas por alguns privilegiados.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabala#Cabala_no_Cristianismo_e_na_sociedade_n.C3.A3o_Judaica