Além da Letra

"Cada enunciado é um elo de uma cadeia muito complexa de outros enunciados" Mickail Bakhtin

terça-feira, abril 17, 2007



DESIGUALDADE DE ACESSO À EDUCAÇÃO E DISPARIDADES SOCIOCULTURAIS


Apesar de eliminadas diversas barreiras ao acesso à educação (discriminações legais, econômicas, institucionais, etc.), para permitir que todas as classes sociais alcançassem os níveis secundários e superiores, ainda se viam pouca penetração, por parte das classes mais pobres, nestes níveis educacionais. Isto parece ter sido motivado, principalmente, pelas diferenças culturais existentes.
As classes mais baixas tendiam a valorizar menos o estudo superior por achar nele uma busca demorada por resultados incertos. Era mais rápido e seguro alcançar as profissões mais simples, mesmo com ganhos menores, pois atendiam a seus anseios.
Outro fator a ser considerado era a questão do tempo. Enquanto as classes média e alta visualizavam seus objetivos no longo prazo, procurando resultados que poderiam demorar, mas que seriam melhores (além de considerarem uma regressão social o fato de não ter curso superior), as classes mais baixas estabeleciam seus ideais no curto prazo.
A influência familiar também foi considerada como determinante no estímulo ao estudo. Os filhos de operários viam, no estudo básico, uma obrigação em que os pais os castigavam para que tirassem boas notas. Os filhos da burguesia tinham, por parte dos pais, o convite à razão e à necessidade de autodomínio sendo estimulados a se dedicarem ao máximo.
A influência da linguagem aparecia mais como o efeito, do que a causa das diferenças sociais. Os filhos de operários utilizavam uma linguagem mais simples, inclusive com utilização de gestos voltada para a individualidade e para elementos concretos. Os filhos das classes média e alta usavam linguagem mais elaborada, envolvendo aspectos mais universalistas, demonstrando maior conhecimento das estruturas mais complexas do conhecimento.
Como conseqüência da realidade econômico-social em que cada classe vivia, as famílias mais pobres tinham, nos filhos, a preparação para funções mais definidas e voltadas para a contribuição ao próprio meio familiar. As famílias da classe burguesa tinham ênfase maior no estímulo a tomada de decisões com orientação pessoal do seu ajustamento social.
Através da interiorização dos valores de cada classe, via-se a tendência, através do tipo de linguagem e de seu conteúdo, a levar os estudantes pobres à acomodação ao que é básico, enquanto o mais favorecido a verem no estudo, desde as etapas mais básicas, possibilidades de alcançar horizontes mais vastos.
Todos esses conceitos, porém, foram criticados por desprezar o fato de que a linguagem do pobre não era, necessariamente, uma linguagem pobre. Tinha, sim, diferença na ênfase dada a seus valores mais importantes. Esta crítica sugeria uma pedagogia adaptada à realidade em que essas classes viviam.
É fato que uma linguagem mais popular (menos elaborada), comum nas classes mais pobres, sendo apenas usada como acompanhamento emocional da ação, carecesse de recursos indispensáveis à formação do pensamento. Baseado nesse e nos argumentos já citados, propôs-se uma intervenção na educação de modo a aumentar a capacidade de adquirir conhecimentos através de estratégias compensatórias.
Foram criados estímulos educativos que compensassem a carência cultural do meio familiar e social destes alunos. Porém isto não deu certo. As explicações sobre as causas do problema haviam sido colocadas como contraditórias. O melhor seria torná-las um conjunto de avaliações que, embora fossem diversos, no geral poderia contribuir, cada uma, para um bom resultado.
Contudo a causa maior do erro estava na própria escola. Os alunos das classes menos favorecidas estavam recebendo o ensino de uma cultura totalmente diferente da sua. Esses recebiam informações que, para eles, eram irreais ou, até mesmo, contraditória a sua própria cultura.
O uso de expressões desconhecidas ou de termos específicos a um meio em que os alunos não pertenciam também contribuiu para o fracasso da iniciativa.
A questão genética também foi colocada. Segundo alguns estudiosos, o filho da classe burguesa herdaria de seus pais uma formação genética que favorecia o intelecto. Contudo o que se pode confirmar é que, ao contrário desse raciocínio, pessoas bem dotadas, vindas da classe operária conseguiam penetrar nos meios mais ricos através de seus êxitos nos estudos, passando assim, não só a contribuir com essas classes, como a fazer parte das mesmas.
Será que a aprendizagem conduz à auto-realização dos indivíduos como “indivíduos socialmente ricos” humanamente, ou está a serviço da perpetuação, consciente ou não, da ordem social alienante e definitivamente incontrolável do capital? (Istivan Mészaros)

No período de colonização após o descobrimento do Brasil, a cultura foi imposta pelos descobridores. Os jesuítas, em suas primeiras viagens trouxeram a religião, responsável pela dominação cultural, e montaram a 1ª forma de educação, substituindo a língua dos índios pela sua, fazendo assim, a dominação de uma língua sobre a outra. Este início da estrutura disciplinar da educação,controle e dominação, garantiu a obediência ao sistema.

Atitude cultural de profundas raízes: pelas letras se estabeleceu a organização cultural.

“O que representava a alfabetização para os jesuítas a ponto de quererem, desde o início, alfabetizar os índios, quando nem em Portugal o povo era alfabetizado? Mais do que o resultado desta intenção, interessante é observar a mentalidade. As letras deviam significar adesão plena à cultura portuguesa. Quem fez as letras nesta sociedade? A quem pertencem? Pertencem à corte, como eixo social.” (José Maria de Paiva).

Os colégios jesuítas formavam letrados. Eram filhos das elites que se tornariam padres, advogados ou ocupariam cargos públicos. Estes guiariam as cidades. O colégio era um instrumento refinado de incutir a cultura dos portugueses. Lendo a gramática do colégio, via-se a gramática da cultura.

Durante muitos anos a questão da educação não teve nenhuma evolução significativa.

“Todas as formas de Estado, desde a independência até o presente, denotam a continuidade e reiteração das soluções autoritárias (...) organizando o Estado segundo os interesses oligárquicos, burgueses, imperialistas.” (Octávio Ianni).

Entre os anos de 1920 e 1930 surgiram os Pioneiros da Educação. Desejavam realizar grandes reformas no ensino, com a finalidade de negar os métodos arcaicos e trazer a modernização ao sistema brasileiro.

Em 1930 criou-se o Ministério da Educação e Saúde.

Pela primeira vez a categoria de professores autônomos discutiu e construiu uma proposta pedagógica. Esses grupos intelectuais formaram a ABE – Associação Brasileira de Educação – que dava importância à reformulação do ensino. Fizeram debates, reuniões, conferências e documentos qualificados, exercendo a função de combater o governo autoritário. A ABE serviria para demarcar a autonomia da esfera educacional, transformando o foco do educador para o educando.

Um dos documentos trazidos foi o “Manifesto dos Pioneiros” que tratava de uma nova visão para a educação. Este foi entregue ao governo Vargas que não lhe deu a devida importância, pois ao governo não interessava a emancipação do povo. Isso inibia a iniciativa baseada na Escola Nova, no plano de educação e no social.

Vargas tinha a intenção de modernizar o Brasil e em 1940 preparou o país para o mundo do trabalho. Ainda assim as regalias continuavam voltadas para o governo e para a elite.

Surgiram as leis orgânicas criadas no período do “Estado Novo”, que pretendiam consolidar o “Capitalismo Industrial Brasileiro” e suas relações, organizando a educação, mas sempre atendendo aos interesses do governo:

Lei Orgânica do Ensino Secundário

“Art. 1º. O ensino secundário tem as seguintes finalidades:
1 - Formar, em prosseguimento da obra educativa do ensino primário, a personalidade integral dos adolescentes;
2 - Acentuar a elevar, na formação espiritual dos adolescentes, a consciência patriótica e a consciência humanística;
3 - Dar preparação intelectual geral que possa servir de base a estudos mais elevados de formação especial”.

Esta lei proporcionou a continuidade do estudo na escola. Garantiu que os estudantes do ensino secundário poderiam alcançar o ensino superior.

Lei do Ensino Industrial

“ Art. 1º. Esta Lei estabelece as bases de organização e de regime do ensino industrial. Este é o ramo de ensino de grau secundário, destinado à preparação profissional dos trabalhadores da indústria e das atividades artesanais e, ainda, dos trabalhadores dos transportes, das comunicações e da pesca.”

CAPÍTULO I - DOS CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO ENSINO INDUSTRIAL
Art. 3º. O ensino industrial deverá atender:
1 - aos interesses do trabalhador, realizando a sua preparação profissional e a sua formação humana;
2 - aos interesses das empresas, nutrindo-as, segundo as suas necessidades crescentes e mutáveis, de suficiente e adequada mão-de-obra;
3 - aos interesses da nação, promovendo continuamente a mobilização de eficientes construtores de sua economia e cultura.

Art. 4º. O ensino industrial, no que respeita à preparação profissional do trabalhador, tem as
finalidades especiais seguintes:
1 - formar profissionais aptos ao exercício de ofício e técnicas nas atividades industriais;
2 - dar a trabalhadores jovens e adultos da indústria, não-diplomados ou habilitados, uma qualificação profissional que lhes aumente a eficiência e a produtividade;
3 - aperfeiçoar ou especializar os conhecimentos e capacidades de trabalhadores diplomados ou habilitados;
4 - divulgar conhecimentos de atualidades técnicas”.

Esta lei servia as necessidades do mercado (da nação e da indústria). O trabalhador servia para receber ordens – trabalho técnico – aprimorando-se apenas no que fosse referente a sua especialização. Não tinha base comum curricular, era extremamente técnico. O aluno não podia ingressar em área diferente da qual estava cursando, sem terminar a que estava fazendo, a não ser que ele começasse tudo de novo.
Neste mesmo período foram criados o SENAI e o SENAC favorecendo o capitalismo industrial brasileiro.

“(...) a força verdadeira do sistema não reside na violência da classe dominante ou no poder coercitivo do seu aparelho de Estado, mas na aceitação por parte dos dominados de uma concepção de mundo que pertence a seus dominadores.” (José Luis Fiori).

O dominado aceita a cultura do dominador. Escola é o aparelho ideológico do estado. Até hoje é assim.

“A educação institucionalizada, especialmente nos últimos 150 anos, serviu – no seu todo – ao propósito de, não somente fornecer conhecimento e pessoal necessário à máquina produtiva em expansão do sistema do capital, como também a gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes, como se não pudesse haver nenhuma alternativa a gestão da sociedade (...)”. (Istivan Mészaros).

Os homens não são totalmente manipuláveis. Através de uma integralidade, ou seja, da união entre o ser intelectual, social e moral, eles podem criar alternativas para a mudança. Esta se expressa bem na citação de Antônio Gramsci:
“(...) não há nenhuma atividade humana da qual possa se excluir qualquer intervenção intelectual _ o homo faber não pode ser separado do homo sapiens. Além disso, fora do trabalho, todo homem desenvolve alguma atividade intelectual; ele é, em outras palavras, um filósofo, um artista, um homem com sensibilidade; ele partilha uma concepção do mundo, tem uma linha consciente de conduto moral, e portanto contribui para manter ou mudar a concepção do mundo, isto é, para estimular novas formas de pensamento.”

Foi citado, também, por Istivan Mészaros:
“Poucos negariam hoje que os processos educacionais e os processos sociais mais abrangentes de reprodução estão intimamente ligados. Conseqüentemente, uma reformulação significativa da educação é inconcebível sem a correspondente transformação do quadro social no qual as práticas educacionais da sociedade devem cumprir as suas vitais e historicamente importantes funções de mudança”.

Muitos estudiosos trouxeram contribuições para a mudança no ensino. Como exemplo podemos citar Paulo Freire que com novo método alfabetizou trabalhadores em 40 horas. Por volta de 1964 ele foi exilado. A ditadura militar não queria que ele levasse o conhecimento à população. Contudo ele não desistiu. Exilado, em vários países, escreveu alguns livros, entre eles, Pedagogia do Oprimido. Um de seus lemas era a pedagogia do conhecimento, embasada na antropologia, tirada da visão de mundo (leitura do mundo; leitura da palavra - o interesse precede o conhecimento).

Paulo Freire propôs a reconstrução do ensino, para que houvesse uma transformação, de modo que os estudantes vivenciassem a história de suas vidas. E ainda disse que “educar-se é encharcar-se do cotidiano”. Para ele a educação deveria ser feita de forma que o aluno tivesse autonomia intelectual e um cidadão que pudesse escolher seus dirigentes. Então ele colocou o oprimido no palco da escola.

quinta-feira, abril 05, 2007

PENSANDO A CONSTRUÇÃO DOS SISTEMAS PÚBLICOS DE ENSINO, DISCUTA O POR QUÊ DE UMA DISCIPLINA RÍGIDA E DE UM PROFESSOR ENCICLOPÉDICO NUM MODELO DE EDUCAÇÃO TRADICIONAL.




O tempo passa, os valores humanos sofrem outras influências, as gerações se modificam e os conceitos de aplicação pedagógica também. É seguindo este pensamento que vamos discutir um sistema público de ensino estruturado e desenvolvido, obedecendo ao modelo de educação tradicional.
O poder pertencia à nobreza e ao clero, aos quais interessava manter a ignorância do povo para que este continuasse submisso a sua dominação. Esta política já vinha de muito tempo.
A democracia da burguesia precisava se consolidar. Ela sabia que, até então, a escola era para a elite e a massa (o povo) ficava na enxada.
Assim consolidou-se o sistema público de ensino (que tem início no século XIX), com a criação de uma escola, que seria para todos e dever do estado. Quais características teriam esta escola? Laica: proibia o ensino religioso nas escolas públicas, afastando o poder que a Igreja tinha sobre as pessoas; obrigatória: todos tinham que passar pela escola, garantindo-se a educação básica; gratuita: com sistema público, todos teriam direito de ingressarem na escola.
A escola torna-se um instrumento de ascensão política. Com o afastamento do antigo regime, a burguesia poderia inculcar na cabeça dos cidadãos sua hegemonia, ou seja, sua dominação.
Baseada numa disciplina rígida (“espartana”), a educação como redentora da humanidade era aplicada por um professor enciclopédico, que tinha uma cultura vasta e passava para os alunos um conhecimento que seria cumulativo, de forma linear e sem interrupções, dando oportunidade aos súditos de saírem da barreira da ignorância, se libertando da miséria moral e política.
A educação, em lugar de instrumento de equalização social, na verdade, constituía um mecanismo construído pela burguesia para garantir e perpetuar seus interesses, através do modelo de educação tradicional.
O SONHO DAS TRÊS ÁRVORES


Havia, no alto da montanha, três pequenas árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes. A primeira, olhando as estrelas, disse:
" Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros, para tal até me disponho a ser cortada."
A Segunda olhou para o riacho e suspirou:
" Eu quero ser um grande navio para transportar reis e rainhas."
A terceira árvore olhou o vale e disse:
"Quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto que as pessoas, ao olharem para mim, levantem seus olhos e pensem em Deus."
Muitos anos se passaram e certo dia vieram três lenhadores, e cortaram as três árvores. Todas ansiosas em serem transformadas naquilo com que sonhavam.Mas o destino parecia não compactuar com os seus sonhos!
A primeira árvore acabou se transformando num cocho de animais coberto de feno.A segunda virou um simples e pequeno barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias.A terceira mesmo sonhando em ficar no alto da montanha, acabou cortada em altas vigas e colocada de lado em um depósito.
E todas as três se perguntavam desiludidas e tristes:
" Para que isso?"
Mas numa certa noite, cheia de luz e estrelas, onde havia mil melodias no ar, uma jovem mulher colocou seu neném recém-nascido naquele cocho de animais.E de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo.
A Segunda árvore, anos mais tarde, acabou transportando um homem que acabou dormindo no barco, mas quando a tempestade quase afundou o pequeno barco, o homem se levantou e disse: " PAZ " !E num relance, a Segunda árvore entendeu que estava carregando o rei dos céus e da terra.
Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela. Logo sentiu-se horrível e cruel.Mas, logo no Domingo o mundo vibrou de alegria e a terceira árvore entendeu que nela havia sido pregado um homem para a salvação da humanidade, e que as pessoas sempre se lembrariam de Deus e seu filho Jesus Cristo ao olharem para ela.
As árvores haviam tido sonhos...
Mas as suas realizações foram mil vezes melhores e mais sábias do que haviam imaginado.
Aprendamos a ouvir o sonho que Deus sonha secretamente dentro de nossas almas, pois na sua realização estará o supremo sentido de nossa existência!
(autor desconhecido)
O Império no Brasil
O império brasileiro se estendeu desde 1822 quando foi feita a independência política do Brasil com relação a Portugal e se estendeu ate 1889 quando da proclamação da republica.Abrange: a) O 1º Reinado de D. Pedro I até sua abdicação do trono do Brasil(1822 - 1831)b) O período das regências durante a menoridade de D. Pedro II (1831 - 1840): o 2º Reinado de D.Pedro II desde a sua maioridade ate a proclamação da republica (1840 - 1889)Corresponde portanto a quase todo o século XIX que no mundo é caracterizado pelos desdobramentos das grandes revoluções burguesas ocorridas na Europa e América contra o absolutismo monárquico, contra os privilégios da nobreza e pelo estabelecimento dos direitos naturais do homem à liberdade, igualdade, fraternidade. A burguesia agora chegava ao poder, reduzindo o poder real através de constituições, ou da divisão do poder em executivo, legislativo e judiciário ou mesmo proclamando republicas.A Revolução Industrial iniciada na Inglaterra, por volta de 1750, deu início a uma nova fase do capitalismo, alterando modos de produção, formas de transporte e comunicação e novas fontes de energia.E o Brasil após a independência política é reorganizado para se inserir nesta nova conjuntura internacional onde Portugal e Holanda eram substituídos pela Inglaterra como nova potência econômica.Veremos então: A política interna do 1º Reinado (1822 - 1831) - as guerras de independência- a organização política feita pela Assembléia Constituinte e a 1ª Constituição do Brasil- Confederação do EquadorPolítica externa do 1º Reinado - o reconhecimento da independência- Missão Rio Maior- A perda da Província CisplatinaA abdicação e suas causas As Regências - divididas em: Regência trina provisória, trina permanente, Regência uma de Feijó: Regência uma de Araújo Lima- os conflitos político-sociais: Cabanagem, Farroupilhas ou Guerras dos Farrapos, Sabinada Balaiada.O 2º Império - as fases do 2º Império- a pacificação- o parlamentarismo- os partidos políticos- questões com a Inglaterra - Questão do tráfico e a Questão Christie- questões com a região do Rio da Prata e a guerra do Paraguai- a crise do 2º Império e as questões religiosas, militar e a abolição da escravidãoA economia e sociedade - na agricultura destaca-se o café, açúcar, algodão, arroz, tabaco e cacau- o comércio- a indústria e o Visconde de Mauá- transportes e as estradas de ferro- as comunicações- a urbanização- imigração através da colonização, do sistema de parcerias e a imigração subvencionada.
O Clube do Imperador


O conceituado professor de História da Antiguidade Clássica (Grécia-Roma), William Hundert, leciona no tradicional colégio “Sr. Benedict” para rapazes, filhos da nata da sociedade. O lema do colégio é “Terminus pendio in escorduim”, do latim “o fim depende do início”. O que determina a vida está diretamente ligado à educação recebida.
Assim o professor é um grande disciplinador (magistocentrismo – o saber está em suas mãos) , a base cultural de um indivíduo em formação, capaz de gastar uma aula inteira se dedicando a explicar pensamentos e campanhas militares para os estudantes. Todos os anos organizava uma competição, que se tornou um clássico no colégio, chamada “Clube do Imperador”. Sendo o ideal de aluno aquele que tirar a melhor nota.
Seus alunos são muito promissores, o que o anima ainda mais, a realizar um trabalho com qualidade. Entre eles há, inclusive, o filho de um dos vencedores de uma das edições passadas do “Clube do Imperador”. Depois de alguns dias sua aula é interrompida pela chegada de um novo aluno, Sedgewick Bell (Emile Hirsch), arrogante e prepotente filho de um senador.
O professor tem problemas com esse aluno que é muito indisciplinado. Ele estimula os outros a se afastarem do colégio de barco para outra parte e visitarem algumas garotas de outra escola, o que é proibido. Ao serem descobertos o professor os adverte da má conduta e fala sobre o código de auto disciplina.
Observamos a constante disciplina com que o professor se relaciona com os alunos (educação espartana).
Durante a aula o professor faz uma pergunta a Bell que, não sabendo responder, lhe dá como respostas palavras irônicas. O professor o repreende com a citação: “A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriagues passa, mas a estupidez dura para sempre”.
Diante disto o filho do senador muda de conduta e, como os demais, alunos, se dedica aos estudos visando a competição. ”Alea jacta est” (a sorte está lançada). Também notamos que o aluno ideal é aquele que tira as melhores notas.
O professor se vê diante da mais difícil batalha de sua carreira: admitir que dar asas a quem não quer voar é missão destinada ao fracasso. O aluno trapaceia na competição colando, mas como é filho de um senador, nada é feito. O educador fica decepcionado. Em dado momento ele pergunta: “Grande ambição e conquista sem contribuição não tem significado. Qual será a contribuição de vocês?”.
Um professor vive da esperança de moldar o caráter de um homem e da convicção de que o caráter pode mudar seu destino. No entanto, Bell, continua disperso, transgredindo todos os regulamentos da escola e o Hundert lamenta ter que entregar-lhe o diploma.
Vinte cinco anos depois, o professor é convidado a participar de uma nova competição, onde foram reunidos todos os seus ex-alunos (daquela turma), com o fim de arrecadar doações para sua antiga escola. Hundert se vê, novamente, diante da hipocrisia de Bell, que mais uma vez trapaceia.
O castigo de Bell acontece, quando ele confessa ao professor, que não acredita em nenhum dos valores por ele ensinado, que aquelas idéias, na prática, não serviam para nada. Não percebe, no entanto, que seu filho ouve toda a conversa. Esse lhe aparece, para seu espanto, e se mostra extremamente decepcionado com o que acaba de ouvir do pai.
Educar é, ampliar horizontes, redefinir metas, aguçar a sensibilidade e não, simplesmente, disponibilizar um diploma.
Seus demais alunos prestaram-lhe uma bela homenagem, entregando-lhe uma placa com as seguintes palavras: “Um grande professor tem pouco a registrar, sua vida se prolonga em outras, é o pilar de nossas escolas, mais essencial que tijolos e vigas e continuará a ser a centelha e a revelação em nossas vidas”.
No final do filme, o professor volta à sala de aula e se vê diante de novos alunos, entre meninos e meninas – escola nova – e tem a oportunidade de fazer jus ao nome de “mestre”.

Relatório de Visita ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói




Em visita ao Museu de Arte Contemporânea, na rua Mirante da Boa Viagem, s/nº, em Niterói, encontramos a exposição de obras originais de um dos acervos de arte greco-romana mais importantes do mundo: a coleção do Museu Pergamon de Berlim .
A exposição traz as semelhanças e diferenças entre deuses de diferentes crenças e culturas, os deuses gregos e os orixás afro-brasileiros. Também vimos: o Panteão dos deuses do Olimpo representados com esculturas, relevos em mármores e sua mitologia retratada em vasos de figuras vermelhas; o teatro grego como local de concentração do pensamento, da mitologia e de performance da cultura grega antiga representados por figuras da nova comédia em terracota, máscara em mármore e esculturas de atores; o espaço interno da Vila Romana com jardim e as peças bucólicas correspondentes; o santuário como local onde os homens procuravam aproximar-se dos deuses, trazendo suas oferendas; o aspecto da festa e do ritual, essencial na contínua reconstrução dos mitos e do universo simbólico dos deuses.
A história dos deuses gregos menciona que eles representam uma grande família. Têm laços de parentesco entre si, relacionam-se, brigam, amam-se, sentem ciúmes e se combatem. Portanto, vivem, muitas vezes, com mais intensidade humana do que os próprios homens e detêm poderes e qualidades. Na exposição, algumas esculturas e seus significados deixam isso bem claro, como: Hermes - Deus mensageiro; Dionísio - êxtase, desvairado; Afrodite - Deusa do amor e da beleza; Atena - nasceu já adulta ejetada da cabeça de Zeus, seu pai (era fidalga pronta para lutar); Poseidon – Sr. dos mares, único cavaleiro entre os deuses supremos e podia até caminhar sobre o mar; Demeter – esposa e mãe, garantia a fecundidade; Ártemis – gêmea de Apolo – associada à caça e protetora dos caçadores, protetora das parturientes entre outros.
O tema é interessante e foi bem representado pelo conjunto das obras expostas.
Alexander Fleming
"Não inventei a penicilina.A natureza é que a fez.Eu só a descobri por acaso."

Harry Lambert estava a morrer, a temperatura subira e o corpo era sacudido por constantes espasmos e soluços incontroláveis. Alexander Fleming estava convencido que restavam a Harry poucos instantes de vida. Não tinham conseguido isolar o micróbio que o atacava e os poucos medicamentos de que dispunham tinham agravado, ainda mais a situação. Inicialmente, parecia uma espécie de gripe, mas à medida que o seu estado foi piorando, começaram a surgir sintomas de meningite.
Após a colheita de uma amostra de líquido cefalo-raquidiano, conseguiu isolar uma estirpe da bactéria estreptococos extremamente virulenta. As hipóteses de Harry esgotavam-se, mas Fleming decidiu tentar mais uma vez. Telefonou a Howard Florey, chefe de uma equipa de cientistas que desenvolvia, em Oxford, um novo medicamento a partir da penicilina descoberta 14 anos antes por Fleming. Florey forneceu toda a penicilina existente, em Oxford, para o tratamento do paciente de Fleming, explicando minuciosamente a forma de utilização deste medicamento.
A penicilina foi injectada no paciente e foi verificado o extraordinário efeito produzido por esta. O paciente acalmava progressivamente, e ao fim de 24 horas a febre desaparecera. As injecções prolongaram-se pela semana, mas o paciente começou a mostrar sinais de recaída; a temperatura aumentou e voltou a ter fases de delírio.
Fleming retirou mais uma amostra de líquido cefalo-raquidiano e observou-o em busca de penicilina, mas não encontrou nenhuma. Isto significava que os estreptococos não eram destruídos no líquido cefalo-raquidiano. Fleming telefona, então, a Howard e questiona-o se já teria tentado injectar penicilina directamente no canal raquidiano de um paciente - a resposta foi negativa. De qualquer forma, Fleming decidiu tentar a sua sorte, e injectar a penicilina no canal raquidiano de Lambert. Ao mesmo tempo que Fleming procedia a este delicada intervenção, Florey injectou penicilina no canal raquidiano de um coelho e este teve morte imediata!
No entanto, o quadro clínico do paciente teve aqui a sua reviravolta. Lentamente a febre baixou, e voltou a estar consciente. Nos dias seguintes recebeu mais injecções e as melhorias tornaram-se mais acentuadas. Passado um mês, saia a pé do hospital, completamente curado.
Alexander Fleming, ou Alec como todos o chamavam, nasceu numa remota quinta nas terras altas do Ayrshire, no sudeste da Escócia, a 6 de Agosto de 1881.
Do primeiro casamento o pai teve 4 filhos; após a morte da mulher casou-se com Grace, aos 60 anos, de quem teve mais 4 filhos, dos quais Alec era o terceiro. O pai faleceu, quando Alec tinha ainda sete anos; a partir desta data a mãe e o irmão Hugh passaram a dirigir a família e a cuidar da exploração de gado, e o seu irmão Tom partiu para Glasgow para estudar medicina. Alec passava os dias, nesta época, com o irmão John, dois anos mais velho, e com Robert, dois anos mais novo: exploravam a propriedade, seguiam os ribeiros e pescavam nas águas do rio... Desde cedo que Alec ficou fascinado pela natureza, desenvolvendo um sentido excepcional de observação do que o rodeava.
No verão de 1895, Tom propôs-lhe que fosse estudar para Londres, onde este tinha um consultório que se dedicava a doenças oculares. Juntaram-se, assim, os três irmãos em Londres: Alec, John e Robert. John aprendeu a arte de fazer lentes (o director da empresa onde ele trabalhava era Harry Lambert, o famoso paciente de Alec) e Robert acompanhou Alec na Escola Politécnica. Aos 16 anos, tinha realizado todos os exames, mas não tinha ainda certeza sobre qual o futuro a seguir. Assim, empregou-se numa agência de navegação da American Line.
Em 1901, os irmãos Fleming receberam uma herança de um tio recentemente falecido. Tom utilizou-a para abrir um novo consultório e assim, aumentar o número de clientes. Robert e John estabeleceram-se por conta própria como fabricantes de lentes, onde obtiveram um enorme sucesso. E Alec utilizou a sua parte da herança para tirar o curso de medicina, ingressando em Outubro de 1901 na Escola Médica do Hospital de St. Mary.
Apesar de ter seguido medicina para fugir à rotina do escritório, apercebeu-se rapidamente que gostava bastante do curso. Incrivelmente, tinha ainda tempo para praticar actividades extracurriculares: jogava pólo aquático, entrou para a Associação Dramática e para a Associação de Debates e tornou-se um membro distinto do Clube de Tiro.
Em Julho de 1904, fez os primeiros exames de medicina, e pensou seguir a especialidade de cirurgia. Dois anos mais tarde, completou o curso de medicina, preparando-se para continuar na escola médica, onde iria realizar um exame superior que lhe daria mais opções para o futuro.
John Freeman, um dos membros do Clube de Tiro, arranjou a Fleming um trabalho no Hospital de St. Mary, de forma a garantir a sua participação no campeonato de tiro. Assim, nesse verão, Fleming ingressou no Serviço de Almroth Wright - Professor de Patologia e Bacteriologia - um dos pioneiros da terapia da vacinação. Era uma solução temporária, mas o trabalho apaixonou-o tanto que não iria mais abandonar este serviço. Ali estudavam-se, principalmente, as consequências das vacinas no sistema imunitário. Tentavam identificar as bactérias que provocavam uma dada doença, e para obterem uma vacina contra essas bactérias, cultivavam-nas, matavam-nas e misturavam-nas num líquido.
Em 1908, Fleming fez novos exames, onde obteve Medalha de Ouro. E decidiu preparar-se para o exame de especialidade que lhe permitia ser cirurgião. Um ano mais tarde, concluiu esse exame – ainda assim optou por permanecer com Almroth Wright.
Á medida que o seu trabalho prosseguia, Fleming ganhava fama como especialista da terapia de vacinação. Simultaneamente, torna-se conhecido ao simplificar o teste da sífilis.
No início da 1ª Guerra Mundial, em 1914, Fleming foi transferido juntamente com toda a equipa de Wright para um hospital em França. A aplicação da vacina de Wright evitou a perda de muitas vidas no exército britânico. Realizaram, durante este período, diferentes investigações e melhoraram o tratamento das feridas infectadas (estas medidas só viriam a ser implementadas durante a 2ª Guerra Mundial).
Numa das suas curtas licenças, Fleming casou-se em Londres, a 23 de Dezembro de 1915, com Sally McElroy, mais tarde conhecida por Sareen. Logo após o casamento, Fleming voltou para França. A sua vida matrimonial só iria iniciar verdadeiramente em Janeiro de 1919, quando voltou para Inglaterra. Algum tempo depois, o seu irmão John casou-se com a irmã gémea de Sally, Elisabeth McElroy, estreitando-se assim os laços entre a família Fleming e a McElroy.
Corria o ano de 1921, quando Fleming descobriu as lisozimas, a partir da observação de uma cultura de bactérias, já com algumas semanas. As lisozimas são hoje conhecidas como sendo a primeira linha do sistema imunitário. Mas, na altura, não se tinha inteira consciência do que isso significava, e seriam precisos anos de investigação para se conhecer bem esse sistema de defesa. Como tal, ninguém se apercebeu da real importância desta descoberta e Fleming também não era homem para obrigar os outros a prestarem-lhe atenção.
Numa manhã de Setembro de 1928, Fleming percorria o laboratório central, levando uma cultura que parecia achar bastante interessante. Todos deram uma vista de olhos, mas a maioria pensou tratar-se de mais um exemplo da acção da lisozima, só que desta vez sobre um fungo. Na realidade, este fungo apresentava uma acção nunca conseguida pela lisozima; atacava uma das bactérias que causava um maior número de infecções – Estafilococos. Aparentemente, um bolor desconhecido que aparecera, por acaso, numa placa de cultura, dissolvia as bactérias, e não atacava o organismo humano.
Alec tornou-se um coleccionador fanático de fungos, não se convencia de que aquele fosse o único com propriedades excepcionais. A sua busca permanente tornou-se famosa entre amigos e familiares: queijo, presunto, fatos velhos, livros e quadros antigos, pó e sujidade de toda a espécie – nada escapava à caça de Fleming. Mas o seu fungo era de facto único; quanto mais o estudava, mais extraordinário lhe parecia, até matava as bactérias causadoras da gangrena gasosa. Descobriu, ainda, que podia utilizar a penicilina para isolar bactérias como, por exemplo, as que estão na origem da tosse convulsa. Este uso laboratorial na selecção de bactérias, fazia da penicilina o primeiro dos grandes antibióticos.
Paralelamente, uma equipa em Oxford, chefiada por Howard Florey e Ernst Chain, começou a trabalhar no desenvolvimento da penicilina. Quando Fleming ouviu falar dessa investigação científica, dirigiu-se imediatamente para lá, visitando as instalações e ficando a conhecer os últimos avanços.
Em 12 de Fevereiro de 1941 surgiu a oportunidade de tratar o primeiro doente! Tratava-se de um polícia chamado Albert Alexander, com um arranhão infectado, causado pelo espinho de uma rosa. Após um período de sensíveis melhorias, as bactérias invadiram, novamente, o organismo. Mas não havia penicilina disponível para o tratar, e faleceu a 15 de Março.
O segundo doente foi um rapaz de 15 anos com uma infecção pós-operatória, após a administração da penicilina recuperou por completo. Outros seis doentes foram tratados com penicilina e melhoraram significativamente. E como estes, mais doentes foram salvos.
Em Agosto de 1942, deu-se o caso de Harry Lambert. Até então, Fleming não tivera oportunidade de ver actuar a "penicilina de Oxford". Poucos dias após a cura de Harry Lambert, o caso chegou aos jornais. A partir de então, Fleming deixou de ter vida privada, já que os resultados obtidos anteriormente tinham sempre passado completamente despercebidos.
O relato da descoberta da penicilina e a história dos primeiros anos de Fleming passados na Escócia rural entusiasmou a imaginação popular. Porém, a felicidade destes anos terminou com o agravamento do estado de saúde da sua mulher, Sareen, que faleceu a 28 de Outubro de 1949. Com a sua morte, Fleming ficou extremamente só. A porta do laboratório – normalmente sempre aberta aos visitantes – passou a estar fechada. Só a muito custo é que a paixão pelo trabalho conseguiu distraí-lo do seu desgosto e fazê-lo retomar parte da sua antiga vitalidade.
Depois da II Guerra Mundial, uma jovem cientista grega, Amalia Voureka, veio colaborar com Fleming no laboratório. Passou a ser a sua companheira predilecta, e por fim, em 1953, casou-se com Fleming. Alec continuou a trabalhar e viajar até à sua morte, que ocorreu inesperadamente, a 11 de Março de 1955, devido a um ataque cardíaco.
"Não há dúvida que o futuro da humanidade depende, em grande parte, da liberdade que os investigadores tenham de explorar as suas próprias ideias. Embora não se possa considerar descabido os investigadores desejarem tornarem-se famosos, a verdade é que o homem que se dedicar à pesquisa com o objectivo de conseguir riqueza ou notoriedade, escolheu mal a sua profissão!"
Alexander Fleming